quarta-feira, 22 de abril de 2009

categorias de base

CATEGORIAS DE BASE
Dentro do livro Futsal: administrando o esporte de dentro da quadra, de minha autoria que esta sendo escrito, esta é uma das partes onde trato sobre a questão das categorias de base.
As divisões que seguem nas categorias de base são aquilo que eu penso como formador de atletas ao longo da carreira, onde entendo que esta divisão é fundamental para o bom andamento do trabalho visando performance.


ESTRUTURAÇÃO DAS CATEGORIAS DE BASE

As categorias de base de uma equipe é a mola propulsora ao sucesso. Quem se lança no mercado esportivo e quer conseguir resultados satisfatórios, mas que porém não possui uma estrutura sólida nas categorias de base, esta fatalmente destinada ao fracasso em todos os níveis.
Manter categorias de base, não é apenas ter uma dúzia de crianças treinando, manter categorias de base, é manter centenas de crianças e jovens em atividades diárias, participando de treinamentos, jogos, viagens e intercâmbios. Sendo assistido em todos os setores profissionais, saúde, alimentação, avaliação física, biomecânica, cineantrométrica, psicológica, pedagógica, cultural e muito mais.
Entretanto, este setor de uma equipe demanda valores muitas vezes considerados infrutíferos e não produzindo resultados de curto prazo, desta forma dirigentes e administradores do esporte, entendem que seria um gasto desnecessário.
As categorias de base são os alicerces de toda e qualquer equipe esportiva que quiser alcançar o sucesso permanente. Não dissemos aqui, que uma equipe sem ter uma categoria de base sólida não possa usufruir um bom nível de sucesso, porem enfatiza, que equipe alguma terá um sucesso permanente sem categorias de base. Uma equipe sem se preocupar com as categorias de base e a formação de atletas, é como uma empresa que não se preocupa em fomentar a qualidade e a quantidade de sua matéria prima. Sem matéria prima suficiente, uma empresa poderá deixar de produzir, pois uma matéria prima excessivamente cara deixará de tornar a empresa competitiva em custos no mercado.
Entretanto apesar da importância da estruturação e do funcionamento das categorias de base, a grande maioria das equipes, não consegue fazer com que funcionem na realidade, da mesma forma que está no papel ou na intenção de todos. E isto ocorre justamente por falta de qualidade na capacitação administrativa deste setor da equipe.

AS DIVISÕES DAS CATEGORIAS DE BASE

Tudo na natureza é dividido em sistemas ou divisões com uma determinada hierarquia nas divisões e subdivisões. Em qualquer segmento da fauna ou da flora, sempre existe divisões e hierarquia, nos insetos, como nas abelhas e formigas, as divisões em escalões hierárquicos de trabalho, com funções definidas, se mostrando como sociedades organizacionais altamente administradas, e por isso produtivas.
Na formação e estruturação de uma equipe, deveremos organizá-la, em divisões e subdivisões para melhor administração. Nas categorias de base, deveremos definir administrativamente, o que são equipes de base competitivas, o que são escolinhas, o que são equipes de aproximação, o que são trabalhos massificador e social. É muito comum uma equipe ter escolinha esportiva, e confundir esta escolinha com trabalho de base. Portanto a administração deste setor deve ser bem definida, dividida, estruturada, e funcionar como uma unidade que busca metas individuais, porém com objetivos coletivos.
Dentro destes parâmetros a nossa proposição de estruturar apresenta as seguintes divisões:
Divisão de Escolinha
Divisão de Massificação e projeto social
Divisão de fundamentação técnica, física, tática e psicológica.
Divisão de treinamento especializado
Divisão de Equipes competitivas - Mirim - Infantil - Infanto-juvenil - Juvenil.



DIVISÃO DE ESCOLINHA

Entendemos por escola de aplicação desportiva, um grupo de crianças que na faixa etária dos seis, aos dez anos de idade, onde virão até a escola para criar vinculo e comprometimento, com horários de treinos, responsabilidade de freqüência, apropriação de conteúdo, desenvolvimento e controle da inteligência emocional, da empatia, da inteligência corporeo-cinestésica, da inteligência intra e inter pessoal, ampliação da rede neuronal, formação do engrama cognitivo, reconhecimento dos fundamentos esportivos de suas regras e normas, e assim como na escola regular, ser preparado para os conteúdos futuros. Na Escolinha já se tem uma noção de para onde será conduzido a criança futuramente.
As escolinhas de aplicação esportiva poderão ser consideradas como o jardim da infância, ou o pré-primário do ensino regular. Toda criança, com quatro ou cinco anos, com um bom desenvolvimento físico e motor, já poderá ingressar em escolinhas de aplicação esportiva. Estas escolinhas deverão ter um caráter lúdico, e deverão oportunizar experiências múltiplas esportivas, assim como vários posicionamentos dentro da modalidade, para sentirem qual esporte e qual posição lhes são mais peculiar, assim como para o administrador esportivo, perceber qual esporte e qual posição ele se adapta melhor.
Por melhor que seja o desempenho do atleta mirim, devemos inibir a tentação de uma especialização precoce. SANTOS adverte que: [... “contribuir com a prática esportiva infantil significa acima de tudo comprometer-se com o desenvolvimento integral da criança, e jamais colocar interesses de promoção pessoal acima dos interesses da criança”...]
Algumas crianças têm um desenvolvimento motor acima da média, o que para um administrador esportivo poderá se transformar em uma armadilha. Normalmente quando aparece um atleta mirim, com grande desenvoltura técnica, todos o indicam como um futuro craque. Porém muitas vezes esta afirmação não é verdadeira. A maturação motora antecipada das demais crianças do grupo poderá criar uma expectativa de motivação por todos os leigos, de que aquele é um ser especial, porém fatalmente um dia sua maturação estará saturada para a idade, onde ele ficará esperando a maturação do seu grupo de colegas.
Durante esta espera muitos pensarão que a criança esta regredindo, o que também não é verdade, apenas os outros estão evoluindo até o ponto em que ele já chegou previamente e está esperando seu grupo etário.
Esta situação é muito comum ocorrer, como também é comum julgar culpado pelo “retrocesso” o treinador que muitas vezes afoito, ou despreparado para a situação, ajudou a acelerar o processo de maturação precoce. Outra situação, é julgar que a criança, ficou mascarada e se “estragou”, o que também não é verdade. Portanto, com crianças de maturação precoce precisamos tomar cuidados especiais, pois correremos o risco de muitas vezes perder um atleta de valor por não saber administrar as doses corretas de treinamento relativo à sua faixa etária.
Desta forma, deveremos ter em mente que escolinhas de aplicação esportiva, são apenas para conduzir atividades lúdicas, objetivando a criança a criar gosto pela prática do esporte, analisar qual melhor característica que apresenta se defesa ou ataque, acompanhar seu desenvolvimento motor e biométrico para avaliar se esta no esporte certo. - Exemplo: uma criança apaixonada por Basquete, com grande qualidade técnica individual, porém com uma projeção biométrica de 1,60m quando na idade adulto. - E de forma alguma cair na tentação da especialização precoce quando estivermos tentados a especializar precocemente uma criança, pensem se uma faculdade de engenharia iria aceitar em suas fileiras uma criança com grande afinidade matemática. Certamente a faculdade, iria orientar a criança a buscar a profissão, mas não sem antes passar pelas bases escolares. Na administração esportiva infelizmente muitas vezes esquecemos este detalhe, e perdemos muitos valores para nós mesmos.







OBJETIVOS

Nas escolinhas o objetivo principal, é satisfazer as necessidades lúdicas das crianças e prepará-las para a seqüência esportiva que as mesmas irão trilhar.
Portanto, estas deverão estar sempre presentes aos encontros (treinos) semanais, ter compromisso com horários, envolver-se socialmente com outras crianças, ampliar sua rede neuronal e sua capacidade de movimentos motores, desenvolverem raciocínio para resolver pequenos problemas táticos, melhorar sua capacidade de abstração e cognitiva.
Formar as bases para os movimentos motores inerentes ao esporte que mais se adaptar; conhecer o esporte e suas regras; Adquirir consciência esportiva e comprometimento com horários e freqüência em treinos.



METAS
A criança ao deixar a divisão de escolinha deverá ter participado de encontros esportivos, pequenas competições, viagens de intercâmbio, terem o controle emocional necessário para disputar um jogo desempenhando o melhor de sua qualidade e adquirir experiência motora adequada ao esporte.
Disciplinar e educar para movimentos táticos, melhoria da incidência energética funcional, fomentar relações grupais e melhorar a solicitação dos processos cognitivos, na ação motora e intelectual.










DIVISÃO DE MASSIFICAÇÃO E PROJETO SOCIAL

Muitas vezes uma criança nos chega com uma idade superior à aquela de nossas escolinhas, ou no momento da triagem, muitas crianças ainda não atingiram a maturação necessária para serem conduzidos as divisões de fundamentação técnica.
Estas crianças não poderão ser dispensadas, pois poderão vir a atingir sua maturidade mais tarde, muitas vezes uma criança que matura muito cedo se perde muito cedo, mas principalmente porque uma equipe deverá manter um trabalho social para ser bem vista pela comunidade. Entretanto é do projeto de massificação que irão também sair muitos dos atletas de ponta, que por um momento passaram despercebidos.
A história do esporte nos mostra que muitos atletas de ponta foram preteridos por equipes, pois não eram considerados aptos, entretanto eram apenas pessoas que maturaram mais tarde. Um exemplo é o atleta “Cafú ala direita” do futebol na seleção brasileira, que passou por muitas peneiras e não era classificado em nenhuma, até o dia que despertou para o futebol.
Entendemos desta forma que o projeto de massificação é necessário ao sucesso de uma agremiação esportiva, para dar tempo àqueles que o necessitarem.
A grande massa da população praticante de esportes, certamente não apresentará qualificação necessária e pertinente ao desenvolvimento esportivo de alto nível.
Por uma série de motivos, e por uma seletividade natural, onde “muitos serão chamados e poucos os escolhidos” (Biblia Sagrada) a natureza coloca com o tempo cada um no seu devido lugar.
Entretanto, mesmo às vezes sabendo que a grande maioria não “leva jeito” não poderemos simplesmente abandonar aqueles que nos acompanharam por muitos anos, pois se tal acontecer, vai haver um esvaziamento das escolinhas e teremos dificuldades futuras para o fomento de novos atletas.
Lembrar que, assim como existem aqueles que maturam precocemente, existem aqueles que maturam tardiamente, e na natureza um produto que aparece fora da época natural de safra, quase sempre tem um valor superior àquele comercializado na safra.
Portanto, um atleta que matura tardiamente a tendência é que seja sempre um atleta de nível superior aos outros seus colegas.

OBJETIVOS
Manter em atividade um grande número de crianças, envolvendo-os em atividades tanto esportivas como sociais, para não perdermos aqueles que maturam tardiamente, nem cortar o cordão umbilical daqueles que foram preteridos, dando sempre uma ênfase de que poderá ser aproveitada, fomentando desta forma a participação nas escolinhas.
Resgatar aqueles que com potencial esportivo em expansão passaram despercebidos na primeira avaliação.
Manter ativo todos os iniciantes, para valorização social das equipes de base, assim como contribuir para formar cidadãos que se não atuarem com atletas pelo menos tenham uma vida regrada e disciplinada de acordo com as características positivas que o esporte tem o poder de proporcionar.



BASE FORMATIVA

Após terem passado pelas várias fases da escolinha, a criança já estará praticamente definida quanto ao esporte que irá praticar, assim como suas características pessoais provavelmente já estarão aflorando.
Estarão em idade ideal para aceitar agrupamento de pessoas e trabalhar cooperativamente, estão desenvolvendo um crescimento mais rápido.
Nesta idade há um crescimento na vivacidade mental, onde aprenderão mais facilmente a resolver problemas táticos de maior complexidade. É de fundamental importância que os atletas aqui selecionados tenham passado por nossas escolinhas, tenham sido longamente analisados, para não corrermos o risco de ao cometermos um erro na avaliação cometermos uma indelicadeza de não o aproveitarmos, e manda-lo voltar ao grupo de massificação.
Lembrar que é muito mais simpático e produtivo, ir buscar alguém na massificação que mandar alguém de volta.
O equivoco mais comum e corriqueiro cometido por administradores de categorias de base, é o da especialização precoce. Muitas vezes objetivando um sucesso rápido para disputar torneios ou campeonatos, os treinadores, principalmente aqueles iniciantes e sem muito conhecimento de planejamento do treinamento desportivo, aceleram a carga de treinamento para aumento da performance.
Por um lado este procedimento eleva a performance rapidamente, superando aqueles que seguem os passos normais, porém com o passar do tempo ocorre uma estagnação técnica, justamente na transição para a fase adulta fazendo com que quando a performance ótima não é alcançada, geralmente por problemas de motivação(drop out), venha a desistir da pratica do esporte.
Contudo, é justamente na fase mais importante do atleta que se perdem grandes valores, por erros cometidos na sua infância. Portanto, lembrar sempre que até os 14 anos é mais importante jogar do que se exercitar, aprender de forma grossa as variações de técnica e tática.



DIVISÃO DE FUNDAMENTAÇÃO
TÉCNICA, FÍSICA, TÁTICA E PSICOLÓGICA.


FUNDAMENTAÇÃO

A fundamentação é o setor da administração esportiva da aprendizagem motora, do seu desenvolvimento, da melhoria de suas habilidades e do treinamento das capacidades.
Aprendizagem motora é o processo de captação de movimentos coordenados para realizar uma ação esportiva com competência, baseando-se no processamento e na armazenagem de informações recebidas, o que inclui uma interação recíproca entre o ensino e a aprendizagem.
Na aprendizagem motora pressupõe-se que os atletas interagem com o meio em que está inserido e participa ativamente na construção das suas ações, partindo dos seus conhecimentos e habilidades anteriormente adquiridos.
A aprendizagem motora não é diretamente observável, porém resulta de prática e experiência, inferindo mudanças na performance. Lembrar que o homem é motor e cognitivo, e a aprendizagem envolve um conjunto de processos no sistema nervoso central onde são armazenadas as informações, ao receber o estímulo as ações são executadas.
A aprendizagem é algo que se realiza dentro da cabeça do indivíduo, no seu cérebro, e produz uma capacidade adquirida para a performance habilidosa, esta aprendizagem é relativamente permanentes, não é apenas transitória
Portanto o treinador que irá administrar exercícios deverá considerar, os processos de aprendizagem, as diferenças individuais e as condições de ensino da qual dispõe.
Além disso, alguns requisitos são fundamentais para a aprendizagem motora tais como; o meio ambiente social, a linguagem empregada pelo treinador, o domínio dos conteúdos, o conhecimento a estruturação das tarefas, o processo pedagógico.
São as maneiras como serão administrados os exercícios que farão com que ocorra a aprendizagem. A motivação e a compreensão da tarefa motora por parte do aluno e o nível motor inicial que ele apresenta irão desenvolver as suas capacidades coordenativas e condicionais como um todo.

CAPACIDADES COORDENATIVAS
Orientação espacial
Diferenciação cinestésica
Reação
Ritmo
Equilíbrio
CAPACIDADES CONDICIONAIS
Resistência
Velocidade
Flexibilidade
Força.
Analisada nos seguintes aspectos:
Metabolismo energético
Coordenação intra e inter muscular
Massa muscular em relação ao peso corporal
Movimento ou movimentos para a mobilização da força.

Quando vai se construir algo, um edifício por exemplo, a altura deste edifício depende muito da fundamentação do mesmo. Se esta for sólida, poderá comportar muitos andares, porém se sua fundamentação for fraca, o edifício não terá como crescer.
No esporte, esta verdade não deixa de ser a mesma, a qualidade do crescimento do atleta esta ligada a qualidade de sua fundamentação, e não exclusivamente a sua técnica individual. É a polivalência motora que será a base determinante para as altas performances. Por fundamentação entendemos base, técnica, física, tática e emocional ou psicológica.
Os objetivos mais importantes do treinamento de base são multidisciplinares e específicos da modalidade, sua técnica individual e tática.
Fundamentar, e estruturar o atleta nas bases técnica, física e tática do esporte, para que este suporte uma carga de trabalho progressiva conforme for subindo de categoria e aumentando sua idade.
Técnica, aquisição da técnica individual e coletiva inerente ao esporte praticado, e aplicação desta técnica em função do jogo.
Tática, conhecimento tático do jogo, predisposição tática, disciplina tática, movimento ofensivos defensivos e de contra ofensiva.
Físico, aquisição de força e flexibilidade, e outras valências físicas produtos da força.
O desempenho do treinamento desportivo pode ser distribuído em quatro níveis de habilidades
NIVEL I - Das primeiras tentativas na execução padrão dos movimentos esportivos
NÍVEL II - Da performance imatura refletida na falta de consistência para a organização padrão dos movimentos
NIVEL III - Da performance madura onde há melhora no padrão de movimentos e o seu refinamento.
NIVEL IV. - Da performance habilidosa para o treinamento especializado.

As linhas do nível I deverão ser desenvolvidas nas escolinhas, portanto na fundamentação de base deveremos desenvolver as linhas do nível II.
Antes de enviarmos as crianças diretamente para as divisões de base competitivas, deveremos fazer um estágio, na fundamentação. Nesta divisão é onde iremos definir, características pessoais, qualidades, responsabilidades.
Também, é onde formaremos os caminhos mentais esportivos cognitivos, criaremos subsunsores, formaremos o engrama esportivo dentro dos fundamentos específicos do esporte, para então passarmos definitivamente as categorias competitivas.
Com este procedimento, a margem de erro na condução dos atletas as categorias competitivas é muito pequena, sendo estas equipes normalmente vencedoras em suas categorias, pois estaremos enviando sempre os melhores dos melhores.
O administrador deste setor deverá estar atento ao aspecto motivação e entusiasmo deste grupo, e fazer um trabalho com o psicólogo, pois este é o setor mais monótono da escalada esportiva.
Entretanto, é o local para mostrar aos atletas a importância deste momento em suas carreiras e levar em conta que por melhor que seja o atleta, se não conseguir entender e aceitar este tipo de treinamento, certamente não será uma pessoa de destaque.
Poderá até ter uma boa qualidade esportiva, mas uma qualidade emocional e empática nociva que o irá prejudicar em outros pontos de sua vida e de sua carreira, tornando-se um craque problema.



DIVISÃO DE APROXIMAÇÃO

Paralelo a divisão de fundamentação poderemos inserir o treinamento especializado, já conduzindo o atleta a especialização. Lembrar sempre que por maior que seja o nosso anseio em revelar craques, a especialização precoce sempre nos oferece o declínio precoce de vários atletas, portanto deveremos iniciar os treinamentos especializados apenas quando estes já estejam suficientemente maduros e definidos em termos esportivos.
A divisão de aproximação poderá estar dividida ou colocada em dois setores da pirâmide formativa da equipe.
Uma localizada após o atleta sair do estágio de preparação de fundamentação, até ser inserido nas equipes competitivas de base.
Muitas vezes um atleta esta em idade de disputar uma categoria infantil, porém apesar de vislumbrarmos nele um grande potencial o mesmo ainda não este suficientemente maduro emocionalmente para as competições, desta forma existindo este estágio, poderemos dar a ele o tempo necessário para o seu amadurecimento.
Outra localizada quando o atleta esta saindo das equipes de base, e ainda não esta pronto para ingressar na categoria principal, porém vislumbra-se nele um grande atleta potencial.
Portanto, está é uma divisão importante no sentido do início da lapidação fina, e da inserção gradual e natural nas equipes competitivas.
Antigamente nos clubes de futebol, essa categoria era conhecida com aspirante, e desta categoria surgiam os valores que iriam formar as grandes equipes.


EQUIPES DE BASE COMPETITIVAS

CATEGORIAS - INFANTIL; INFANTO-JUVENIL; JUVENIL.

A formação das equipes de base competitivas torna-se uma tarefa relativamente fácil ao administrador que esteja seguindo a seqüência em suas categorias de base formativa, pois certamente poderá escolher vários elementos para formar suas equipes, dentro das divisões de sua estrutura.
O trabalho que certamente foi bem conduzido em outras divisões, nas equipes competitivas, será apenas de lapidação fina, ritmo de jogo, controle natural da ansiedade, estudo das táticas de jogo, proposição de estratégias, leitura de jogos e desenvolvimento natural daquilo que passou anos treinando.
Portanto o administrador irá perceber que a formação destas equipes é tranqüila e natural, como é tranqüila e natural a reposição da matéria prima de uma empresa bem estruturada no seu fomento.
O próximo passo, será a passagem dos atletas das categorias de base para a categoria principal. Como se torna obvio, com um trabalho bem feito, percebe-se logo que a cada ano a equipe principal irá dispor de vários novos atletas, podendo estar sempre renovando sua equipe mantendo assim a qualidade desejada, valorizando assim ainda mais o seu trabalho administrativo.
Com o decorrer dos anos, iremos perceber que o principal diferencial competitivo irá surgir graças às pessoas, os equipamentos avançados, o bom planejamento, nada disso leva ao sucesso sem a valiosa contribuição das pessoas. As pessoas que irão trilhar o sucesso e com ela levar junto a equipe esportiva, serão aquelas que estarão em nossa administração esportiva, dentro da quadra, durante pelo menos uma dezena de anos, e com este tempo, teremos condições de formar pessoas, educadas, capacitadas, criativas, inovadoras e cooperativas.




ADMINISTRAÇÃO DE EXERCÍCIOS

Antes de ser cognitivo o homem é motor, portanto devemos nos ater a desenvolver coordenação motora grossa, que envolve grandes grupos musculares e coordenação motora fina, que envolve pequenos grupos musculares.
Diferenciar Habilidade de Capacidades
Habilidades Todos temos melhora
Capacidades - São inatas, de difícil melhoria

CAPACIDADES
HABILIDADES
Vem de traços herdados geneticamente
Se desenvolve com a prática
São estáveis e permanentes
Modifica com a prática
São poucas em número
São muitas em número
Embasam a performance de muitas habilidades
Dependem das diferentes subconjuntos capacitatórios

Dentro do item habilidade podemos dividir em:

HABILIDADE COGNITIVA: É a determinante principal do sucesso, é a qualidade da decisão do executante em relação ao que fazer, Saber o que fazer e quando fazer.

HABILIDADE MOTORA: Ao executar fazer a execução correta, com qualidade. De acordo com Riera(1989) aprendizagem motora é a capacidade de coordenar seus movimentos para adaptar-se e relacionar-se com as características do seu meio.
Para tanto é necessária motivação e vontade, prática e experiência, e lembrar sempre que a aprendizagem motora não é diretamente observável. Até os dez anos de idade a criança esta apta para receber estímulos para desenvolver rapidamente sua capacidade coordenativa, mais tarde, por causa do crescimento acelerado, haverá um declínio na capacidade de aprendizagem coordenativa, porém com recuperação futura.

Analisar a criança durante o período de categorias de base, dentro dos itens:
Tipo corporal, estrutura óssea e muscular, formação endo, meso ou ecto-morfo
Histórico social em que esta inserido
Nível de aptidão física, real e potencial de acordo com tipo corporal
Nível maturacional
Nível emocional
Estilo de aprendizagem
Característica pessoal habilidosa e capacitatória
Experiências sociais previas
Experiências prévias de movimentos
Durante o período de permanência neste estagio deveremos adotar o principio da multidisciplinaridade no treinamento, pois a polivalência motora é a base determinante para as altas performances.
No ultimo estágio da escolinha deveremos iniciar um trabalho de formação de signos cognitivos, com trabalho de repetições e insistências.
“A pressuposição da existência do sistema de signos e que este sistema desenvolvido na cultura social na qual vivem as crianças não são meros facilitadores da atividade psicológica, mas seus formadores especialmente e particularmente os signos cognitivos”. Vigotski (79)
Portanto, a pressuposição da existência deste sistema, reforça a idéia de que a repetição dos movimentos, através de jogos desportivos coletivos, irá aumentar a ramificação neuronal, melhorando a memória cognitiva, expandindo o engrama, e construindo variados caminhos mentais, que serão acionados quando da necessidade de resolução de problemas táticos.
Se por exemplo na construção de um lance esportivo desenhado, os caminhos do desenho estiverem interrompidos com obstáculos ali colocados pelos adversários, o sistema de signos irá acionar subsunsores, que irão percorrer o engrama, até encontrar um caminho mental que resolva naturalmente a situação com outra saída , ou outro desenho tático previamente marcado na placa cognitiva através do sistema de signos.
Para se chegar a uma ampliação do engrama, criando o sistema de signos necessitamos percorrer o caminho:



Percepção sensorial cognitiva

Abstração e execução
Memória de curto prazo
Treino
Memória de longo prazo (engrama)

Portanto, inicialmente abstrair sobre o movimento e gravar na memória consciente, para após várias execuções transporta-la para a memória inconsciente.
Contudo, durante todo o período de permanência nas categorias de base deveremos auxiliar o atleta a formar um engrama cognitivo, e criar um mecanismo de percepção aguçada, mecanismo de decisão rápida e mecanismo efetor com precisão que a idade lhe permitir.
Para tanto, deveremos ter em mente que a motivação e a vontade deverão ser constantes no aprendizado cognitivo, pois este se deverá se estabelecer com fluência natural, através do jogo, e do brincar. Rousseau dizia; Quer ensinar algo a uma criança, crie um jogo.
Nesta fase deveremos jogar mais para brincar que para se exercitar. A criança que adquire aprendizagem motora cognitiva das habilidades desportiva não tem dificuldades na tomada de decisão, enquanto que o executante mecânico, terá muitas dificuldades nas tomadas de decisão, além de criar movimentos parasitas.
Durante este período, a criança deverá passar por uma observação constante e criteriosa para que ao selecionarmos para as bases formativas, não tenhamos mal avaliados e colocados em cheque a administração do treinador das bases formativas, tendo ele que retornar crianças as bases de massificação, o que causaria constrangimento a todos.
Portanto, é importante que a avaliação das crianças seja feita por uma ma comissão de treinadores que administram todas as categorias de base da equipe.


BIBLIOGRAFIA

_ BIBLIA SAGRADA - Ave Maria - São Paulo 1998

_ SANTA CATARINA Proposta Curricular de IOESC Florianópolis, 1998

MIRANDA, M.P. - Organização e Métodos - Atlas - São Paulo – 1978

TANI, Go et al. Educação Física Escolar Fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. E.P.U. São Paulo, 2002.

VYGOTSKY, L.S Pensamento e Linguagem. Martins fontes :São Paulo, 1989

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Padrão Redondo

Futsal: Sistema de Ataque “Padrão Redondo”

Aírton Leite Bastos
União da Vitória – PR – Brasil
cabobasto@yahoo.com.br


Resumo

A situação vivida na época da transição do Futebol de Salão para o Futsal, exigia que posturas diferentes fossem adotadas pelas equipes em atividades. Nesta situação surgiu a idéia de desenvolver um sistema de jogo envolvente que viesse a se transformar além de um sistema, uma atitude de jogo que desse uma dinâmica envolvente e prendesse a atenção dos expectadores, razão de ser da existência do esporte. Valeu a luta e dedicação dos jogadores que se dispuseram a desenvolver uma idéia apresentada a eles fizeram com que o sistema “Padrão Redondo” nascesse e crescesse em importância, assim como se desenvolvesse cada vez mais, fosse ponto de partida para muitas outras criações e adaptações buscando sempre a melhoria dos movimentos nos jogos, melhorando sua plasticidade visual, contemplando cada vez mais o jogo como um espetáculo atrativo para o público e a mídia. Se modificações foram feitas, alterações provocadas o que ficou foi a natureza de movimentação total e constante de bola e jogadores, não dando intervalo entre uma posse de bola e outra acrescentando muito em dinamismo de ação. Podemos detalhar também como importante a transformação ocorrida durante os treinos que exigem da equipe técnica um estudo aprofundado em neurofisiologia e psicomotricidade, o que trouxe como conseqüência um melhor nível técnico ao desenvolvimento esportivo que passou a ser tratado com mais profissionalismo.

Palavras chave: Padrão de Jogo – Movimento de Bola constante – Atitude de jogo



1 Introdução

O Padrão Redondo surgiu da necessidade de mudanças no sistema de jogo do Futebol de Salão. Com as mudanças que estavam acontecendo nas regras do Futebol de Salão, aqueles sistemas ortodoxos, não levariam o esporte a evolução esperada para torná-lo um esporte Olímpico, era necessário, portanto algumas mudanças nos padrões de jogo.
Veio então a idéia do “Globo da Morte” em que três motoqueiros andam dentro de um pequeno globo, em círculos padronizados por velocidade constante e percurso, sem se chocarem. A partir dessa idéia passou-se a adotar o rodízio circular, em que todos os jogadores estariam em movimento ao mesmo tempo, e não apenas aquele de posse de bola, o que abriu então um leque de opções de jogadas, posicionamentos, lançamentos, movimentos em “W”, movimento em paralelas e diagonais, expandindo as possibilidade de jogo de forma tão infinita que a cada dia que passa se percebe um movimento novo, ou uma jogada diferente partindo do mesmo principio padrão.
O mesmo foi batizado então de “Padrão do Redondo” e posteriormente “Padrão Redondo”, com grande sucesso nos resultados alcançados por aqueles que o adotaram. Alguns treinadores o aperfeiçoaram ao seu estilo, e alguns jogadores que atuaram como iniciantes do movimento e futuramente se tornaram treinadores, foram aperfeiçoando cada vez mais o movimento “Padrão Redondo”.


2 Referencial Teórico

Ao tentar implantar o padrão redondo a preocupação era que este não fosse apenas mais uma idéia de movimento que se tornasse inviável e confuso, mas sim um sistema de ataque que desse ao jogo um movimento de bola constante.
Na tentativa de buscar algo novo, e que ficasse longe daquele modelo ortodoxo predominante, foram feitas análises de várias equipes e de vários esportes, buscando uma idéia que se adaptasse ao Futsal e ao então recém criado Padrão Redondo.
O que mais chamou a atenção foi o modelo de “Jogo de Triângulos” utilizado pelo Chicago Bulls, e criado pelo seu treinador Phill Jackson. Segundo Jackson (www.whatphrasri.int.net/eng/phill%20jackson.htm), a necessidade de se criar e utilizar o “jogo de Triângulos”, surgiu do isolamento de “Jordan”. Para Jackson a forte marcação exercida pelos adversários em cima de Jordan isolava jogadores com menor capacidade de precisão nos arremessos, com a inclusão do jogo de triângulos, o vai e vem da bola descrevendo triângulos em várias direções, faria com que em determinado momento o sistema de ataque conseguiria isolar Jordan, seu melhor arremessador.
Dividindo então o jogo de futsal em etapas teria inicialmente a defesa, com uma postura agressiva dando o mínimo de espaço para o adversário, deixando sempre uma ponte para troca de passes laterais, porém sem permitir que seu jogo evoluísse ou criasse um volume relevante. Imprimindo uma velocidade de trajetória de bola sempre em ritmo aumentado, faz com que o adversário cometa erros que proporcionem a posse de bola a quem está defendendo.
Com posse de bola a defesa iria fazer a transição para o contra ataque, inicialmente um contra ataque imediato ou como observa Carvalho (2001), um contra ataque primário, fazendo a bola flutuar em movimento constante, em forma de triângulos mais obtusos com toques de primeira ou no máximo dois toques, trocando sempre no sentido lateral diagonal, obrigando a defesa adversária balançar a cabeça. Em um segundo momento, se a bola tivesse que retornar para trás em um movimento de ângulo mais fechado, desenhando um triangulo mais reto, seria então o posicionamento ainda de contra ataque, que citando Carvalho (2001) pode-se chamar de contra ataque secundário. Esta situação ainda conta com o movimento inicial do contra ataque primário, mas com uma característica diferenciada nos movimentos angulares dos triângulos, agora mais retos, com a bola flutuando entre uma lateral e outra, voltando para trás e para frente ainda com o objetivo de balançar a cabeça da defesa adversária, e não deixá-lo tomar uma postura defensiva com base sólida, mas sim fazendo com que sua defesa esteja sempre com coberturas e dobras em um lado proporcionando o isolamento de jogadores para o arremate final.
O ataque deve estar dividido em dois momentos, o primeiro momento é a troca de passes entre os companheiros, buscando o movimento “Padrão Redondo”, com bolas longas e curtas em movimento circular constante dos jogadores e movimento de bola em triângulos, fazendo a defesa flutuar de um lado a outro e da frente para trás e vice versa até que em um segundo momento quando a bola fosse infiltrada nas costas da defesa obrigando dobras e coberturas, tivesse início um rali de bolas rápidas e movimento constante até isolar um jogador em condições de arremate, em uma situação idêntica aquela de contra ataque.
Este movimento de bola constante no ataque e contra ataque, tem como objetivo de acordo com Carvalho (2001, p. 15), “[...] isolar jogadores em situação de arremesso [...]”, ou seja, desgarrar um jogador do grupo para receber a bola isoladamente em condições de arremate imediato e preferencialmente no sentido oposto ao da bola.
Então, o ritmo constante do “Padrão Redondo”, somado à trajetória em triângulos da bola, fez com que aumentasse o movimento de bola e de jogadores, aumentasse a plasticidade do jogo deixando o jogo mais aberto aumentando o número de gols marcados, tornando-se um espetáculo melhor aos expectadores. Assim o sistema “Padrão Redondo” deixa de ser apenas um sistema ataque para se transformar em uma atitude de jogo, em que defesa ataque e contra ataque se tornam movimentos de um limiar muito próximos que se confundem entre si.
Como conseqüência exige uma maior preparação física, técnica e tática. A preparação técnica e tática de acordo com Tubino e Moreira (2001, p. 167) “[...] é componente de um treinamento desportivo responsável pela melhoria das possibilidades técnicas de uma equipe”. O preparo técnico busca de acordo com Tubino e Moreira (2001, p. 167) “[...] o automatismo desejável dos gestos esportivos, a fluência dos vários movimentos em conjunto”. Paralelo a isso o preparo tático busca o desenvolvimento do pensamento tático. Esta situação exige do atual jogador de futsal inserido no “Padrão Redondo” uma nova orientação espacial.

2.1 Neurofisiologia aplicada ao Padrão Redondo

Conforme a estrutura de jogo estabelecida pelo padrão redondo é assimilada pelos jogadores, se percebe a necessidade de transcender a forma de treinamento saindo daquele lugar comum de físico puramente físico, técnico individual voltado para a aquisição e melhoria das habilidades dentro das capacidades de cada um e tático dentro de um plano de jogo estático com jogadas previamente desenhadas.
Ao movimentar a bola de um lado a outro da quadra, com movimentos triangulares para frente e para trás em alta velocidade, os jogadores de defesa balançam a cabeça em movimentos rápidos procurando a bola, arrancam velozmente e trocam constantemente de direção até que em determinado momento perdem a orientação espacial. Isto acontece porque na orelha se encontra órgão vestibular-coclear. Compõe o aparelho vestibular o utrículo e o sáculo que com os canais semicirculares com um liquido denominado endolinfa, são partes integrantes dos mecanismos responsáveis pela manutenção do equilíbrio. Localizado nas paredes do sáculo e do utrículo está a mácula, área sensorial responsável pela decteção e orientação da cabeça, na mácula estão os otocônios e as células ciliares que fazem as sinapses com os neurônios sensoriais do nervo vestibular.
Quando em movimentação a endolinfa dos canais semicirculares move-se na direção oposta ao movimento da cabeça, e quando ocorre uma parada brusca ou uma rápida troca de direção, a endolinfa tende a continuar a rodar. Neste momento ocorre a parada dos disparos das células ciliares, assim os canais semicirculares transmitem um sinal de polaridade que a cabeça começa a rodar, e de polaridade oposta para a cabeça parar de rodar e de acordo com Kovalco, www.biociencia.org/index (1998) “A rápida troca de direção desequilibra a pessoa por conter informações conflitantes[...]”.
O primeiro passo é estabelecer novas ligações neuronais não utilizadas durante a fase de treinamento tecnicista especialista das antigas funções ortodoxas do futsal. Baseados em Goleman (1995, p.238) que enfatiza “[...] por um processo conhecido como “poda”, o cérebro, na verdade, perde ligações neuronais menos usadas e forma outras, fortes, nos circuitos sinápticos mais utilizados”. Os jogadores então irão construindo em sua memória coletiva um mapa de novos caminhos de bola, que irão compor o engrama coletivo do grupo.
Ao analisar as jogadas que surgem dentro do movimento do padrão redondo, se percebe que algumas delas têm uma estrutura bastante complexa e de difícil execução, entretanto, essas estruturas partiram de estruturas mais simples, que no treinamento foram realizadas através de algumas seqüências de sub-rotinas hierarquicamente organizadas para executar um plano de metas de jogadas. As sub-rotinas são partes de movimentos treinados separadamente e que no final compõe o movimento total ao rodar o padrão redondo. Assim o desenvolvimento das jogadas se estabelece no cognitivo através de um processo de acúmulo de conteúdos organizados em vários movimentos relacionados dentro da mesma estrutura hierárquica denominada por Ausubel, Novak e Hannesian (1980) in Tani (2002), de subsunção.
Assim os treinamentos ganharam novas dimensões, pois os jogadores não podem se limitar a fazer o movimento exigido pelo jogo, mas também atuar sobre ele pensando e analisando criticamente o sentido do movimento, para que esse faça parte do engrama coletivo, o que determinou uma nova estrutura de treinos a partir de então.

2.2 O Treinamento

A partir da nova idéia de utilização do padrão redondo como movimento de bola constante e das sub-rotinas para estabelecer signos e subsunçores, os treinamentos passaram a simular situações de jogo que desenvolvidas separadamente através de JDC fariam parte de um todo quando acionada a subsunção. Este desenvolvimento se estabelece dentro de uma tendência Crítico Superadora defendida por um Coletivo de Autores (2003), em que o conhecimento buscado é sistematizado em ciclos e tratado de forma historicizada e espiralada, conforme o seu grau de complexidade, e também em uma tendência Crítico Emancipatória defendida por Kunz (2001) que parte da concepção de movimento dialógica em que o movimento humano é entendido como uma das formas de comunicação com o mundo.
Torna-se também necessário uma análise mais expressiva nas capacidades individuais que de acordo com Tani (2002), são na sua maior parte determinadas geneticamente, poucas em número não sofrendo mudanças com a prática, e nas habilidades coletivas, que se consegue alcançar com a prática constante, são muitas em número, são modificáveis através da prática e experiências capacitadoras, porém dependem das capacidades.
A análise crítica feita durante os treinos pelos componentes da equipe, irá esclarecer onde, quando, porque e como utilizar determinado movimento, pois de acordo com Tani (2002, p. 112) “[...] o ser humano, na aprendizagem, adquire habilidades que implicam saber como, quando e onde utilizar movimentos de maneira a atingir eficazmente objetivos estabelecidos intencionalmente”.
Assim o oferecimento durante esses treinamentos de oportunidades desafiadoras aos jogadores, mas praticáveis por eles, de acordo com Bruner(1978) in Tani (2002), poderão levá-los a uma progressão do desempenho atlético, e esse desempenho atlético ira formar no conjunto total dos jogadores a composição tática da equipe.
Assim sendo, com o padrão definido e os treinamentos efetivados de forma hierárquica durante os coletivos e os jogos, irão aparecer as oportunidades de jogadas em movimento de bola constante que foram adquiridos e apropriados durante os treinamentos, onde serão acionados pelos subsunçores quando do reconhecimento dos signos durante o jogo, assim como as variáveis para transpor os obstáculos de defesa criados pelo adversário. Isto irá acontecer pelo maior número de ligações neuronais que os jogadores irão adquirir durante os treinos, pois este processo de acordo com Golemam (1995, p. 238) “[...] é constante e rápido; formam-se ligações sinápticas em questão de horas ou dias, a experiência [...] esculpe o cérebro”.
Portanto, o treinamento desportivo passou a ficar mais complexo exigindo da equipe técnica um maior conhecimento na área da neurofisiologia e psicomotora, assim como dos jogadores uma maior dedicação em movimentos aparentemente infantis e fora do contexto paradigmático até então conhecido por todos.


3 Desenvolvimento Metodológico

O sistema de jogo “padrão Redondo” apresenta como diferencial de qualidade positiva uma postura com atitude objetiva durante todo o jogo, sua movimentação total de bola e de jogadores dão uma plasticidade ao jogo que torna agradável ao público expectador. Ainda cria dificuldades para a defesa adversária, que pelo rodar da cabeça perde facilmente a orientação espacial e o equilíbrio dinâmico permitindo ao ataque a concretização do arremate quase sempre em condições de marcar o gol. Ao fazer uma defesa agressiva sobre o adversário este também deverá fazer um movimento intenso para não perder a posse de bola, o que dará uma dinâmica de grande movimentação em todo o decorrer do jogo.
Em contra partida, é um sistema de jogo que pode não dar o resultado esperado quando realizado em uma quadra com medidas mínimas e uma defesa posicionada atrás da linha intermediária de sua própria quadra. Outra situação que pode prejudicar a utilização do padrão redondo é o pouco número de jogadores para uma troca constante, já que o ritmo exigido pelo jogo força necessariamente a presença de um grande número de jogadores capacitados para não deixar que o ritmo caísse durante as trocas.

3.1 O Padrão Redondo

a)Partindo da posição 3 x 1
b) Antes do lançamento do goleiro o jogador do meio sai na diagonal
c)O jogador da posição pivô deriva para a ala oposta à saída do homem do meio
d)O goleiro lança a bola a um dos alas. Neste momento a equipe estará em 2 x 2
e)Ao receber a bola o jogador passa ao colega da ala oposta e deriva para o meio
f)A bola é lançada de volta, com o colega em posição mais centralizada
g)Ao receber carrega a bola para cima do próprio companheiro que lhe fez o passe
h)Este desce ao fundo da quadra
i)Os outros dois até então no fundo se deslocam no mesmo sentido circular.
j)O jogador de posse de bola faz o passe ao colega que acabou de entrar na ala
k)E este inicia um novo movimento rotativo.




Figura 1:Início do movimento do Padrão Redondo. Posição 3 x 1
Goleiro (1) de posse de bola (b) irá lançar para um dos alas (2, 4) que dará inicio ao movimento. O jogador central (3) entra no fundo pela diagonal e o pivô (5) deriva para o fundo na ala.
Fonte do autor, 2008

Legendas:
Deslocamento sem bola



Passe



Deslocamento com bola







Figura 2:
Lançamento de bola do goleiro ao ala esquerda (2) que inicia o movimento rotatório para o lado direito. Passa ao ala oposto (4) e se posiciona mais ao meio (2ª), o ala oposto passa a bola de volta (2
Fonte do autor, 2008


















Figura 3:
A ala esquerda (4) desce ao fundo da quadra, o ala oposta (2) leva a bola até a lateral esquerda. O jogador (3) atravessa lateralmente e se posiciona no fundo e o jogador (5) sobe para compor a ala esquerda deixada vazia.
Fonte do autor, 2008


Figura: 4
O jogador (2) passa a bola para a ala oposta (5). O jogador (4) entra no meio como uma opção de passe, obrigando o marcador do (2) fechar o meio criando espaço para devolver a bola ao (2). Se o lançamento não acontecer, inicia-se novo movimento rotatório até começar um rali de ataque.
Fonte do autor, 2008.





3.2Defesa Adversária

O movimento circular do padrão redondo impõe a defesa adversária uma obrigatoriedade de flutuação atrás do seu marcador, caso não o faça este jogador poderá entrar por dentro, pelo meio e receber a bola para dar início ao rali com o jogo de triângulos. A defesa adversária ao se defrontar com o sistema padrão redondo, encontrará muitas dificuldades para uma boa defesa, pois:
a)Fica impossibilitada de praticar uma boa defesa por zona.
b)Se as alas estiverem abertas, a bola será lançada pela diagonal do meio, tanto ao jogador do mesmo lado quanto ao jogador do fundo oposto.
c)Se o meio estiver fechado a bola poderá ser lançada na paralela da linha lateral.
d)Os defensores deverão acompanhar na marcação dificultando a troca e a flutuação.
e)O defensor terá dificuldade em acompanhar seu marcador, pois se o acompanhar de muito perto perderá o contato com ele em uma troca brusca de direção, se acompanhar de longe deixará espaço para a bola entrar.

Para uma equipe que se depara com um adversário jogando em um “Padrão Redondo” bem executado, resta a alternativa de puxar sua defesa para além da intermediária de sua própria quadra, onde os espaços para infiltrar a bola ao ataque e desenvolver os triângulos fica mais reduzido, aumentando os erros não forçados de passes, diminuindo o espaço para o isolamento do jogador que irá buscar o arremate final. Além disso, a velocidade de execução que o padrão redondo exige deixará seus executores em linha, o que proporcionará uma saída facilitada ao contra ataque quando da roubada de bola.


4Considerações Finais e Conclusão

Muitas são as equipes que se valem do sistema de jogo “Padrão Redondo”, algumas dessas equipes são treinadas hoje por pessoas que quando atletas vivenciaram a elaboração deste sistema, outros tantos utilizam por terem gostado da aplicabilidade do sistema, contudo o que mais importa é que este sistema cresceu se expandiu e atingiu seu objetivo inicial que era o de ser uma alternativa de jogo ao Futsal.
Também se percebe que ao longo dos anos o padrão redondo foi sofrendo algumas modificações e adaptações, porém as mesmas não fogem do princípio básico de sua criação, que é o movimento total de jogadores e velocidade continuada da bola. Algumas dessas modificações se percebem ficaram melhores que a idéia original, outras nem tanto, porém todas elas têm sua razão existencial de ser.
Algumas equipes com jogadores fora de série utilizam este sistema para justamente isolar seu craque em condições de arremate, pois o mesmo sofre uma marcação pessoal muito forte, outras equipes sem contar em suas fileiras com um destaque potencial, o utilizam para dar a força necessária do conjunto, pois na movimentação constante joga-se sempre com quatro jogadores em condições de arremate.
Houve também durante o período de existência do padrão redondo, uma adaptação dos atletas no sentido de não mais buscar uma posição fixa e especializada, mas sim uma atuação em todos os setores da quadra sem detrimento de nenhuma delas.
Desta forma entende-se que o sistema de jogo “Padrão Redondo” vem contribuindo para o desenvolvimento evolutivo das equipes de Futsal, assim também como contribui com a criatividade de treinadores e jogadores na formulação de novas maneiras de aproveitar uma idéia simples, mas com grande influência na formação de maneiras diversas de atuar no Futsal.


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