terça-feira, 26 de maio de 2009

Exercicios de Futsal

Futsal

Exercícios de Fundamentação técnica e tática utilizando Jogos Desportivos Coletivos

Ao sentirmos a necessidade de obter melhora no padrão tático ou no refinamento das ações de técnica individual, quase sempre recorremos a exercícios centrados em métodos de trabalho, e quase nunca em exercícios e jogos centrados na pessoa do atleta e do treinador.
Muitas vezes parece que se o treinamento não for centrado no método (tecnicismo), o resultado não virá. Contudo de acordo com Rousseau, se quisermos ensinar algo a alguém, deveremos criar um jogo.
Portanto, a seguir estão alguns exercícios simples que ao serem adotados na forma de Jogos Desportivos Coletivos (JDC), alcançaram ótimos resultados com grande aceitação pelos jogadores envolvidos.

Exercícios de passe

Em muitos momentos nos deparamos com uma equipe com problemas de passes, e apesar de treinarmos passe intensamente o problema não se resolve. Então percebe-se que o problema não está simplesmente no passar a bola, mas no ritmo do passe, na velocidade de movimentação na força da inércia que acompanha o movimento corporal durante o jogo, e que no treino de passe puro e simples não se manifesta. Portanto seguem alguns exercícios simples e divertidos que poderão auxiliar no contexto geral da melhora na qualificação do passe no jogo.

Jogo de 1 toque
Jogo de 2 toques

O que o atleta irá desenvolver com este jogo
· Melhorar a qualidade do passe e perceber sua necessidade e importância.
· Melhorar a movimentação sem bola, para que o jogo flua
· Melhorar a velocidade de pernas para o passe e o chute.
· Chutar com mais freqüência
· Velocidade de raciocínio e planejamento antecipado de ações.

Qualificação prévia do atleta
· Ter uma qualidade de passe razoável
· Ter velocidade de reação

Desenvolvimento

· Duas equipes jogando para marcar gols, com apenas os toques pré fixados.


Jogo de 5 x 4

O que o atleta irá desenvolver com este jogo
· Melhorar a qualidade do passe e perceber sua necessidade e importância.
· Melhorar a movimentação sem bola, para que o jogo flua
· Melhorar a velocidade de pernas para o passe e o chute
· Utilizar o jogo de triângulos (Padrão Redondo)
· Marcar com coberturas
· Chutar com mais freqüência
· Velocidade de raciocínio e planejamento antecipado de ações.

Conhecimento prévio do atleta

· Boa qualidade de passe
· Velocidade de reação
· Raciocínio e planejamento antecipados.

Desenvolvimento

· Duas equipes jogando para marcar gols, uma equipe com 5 jogadores a outra com quatro.

Observações

· Ter o cuidado para a equipe com 5 não jogar como goleiro linha.
· Não deixar os jogadores parados pensando na sobra de bola.
· A equipe com 4 não pode marcar individual, mas com flutuação, coberturas e trocas de marcação.


Jogo de dois toques sem voltar a bola ao jogador do qual recebeu.

Muitas vezes nos deparamos com grupo de jogadores que apesar de estarem em quatro atletas na linha, se acostumaram a jogar somente em dois, e os outros dois se isolam naturalmente. O jogo a seguir ira melhorar este item como também melhorar a movimentação sem bola, e o pensamento antecipado, pois se não o fizer o jogador.não pega na bola

O que o atleta irá desenvolver com este jogo

· Melhorar a movimentação sem bola, para que o jogo flua
· Velocidade de raciocínio e planejamento antecipado de ações.
· Envolver no jogo um número maior de jogadores

Qualificação prévia do atleta

· Ter uma qualidade de passe razoável
· Ter velocidade de reação
· Ter uma movimentação sem bola razoável

Desenvolvimento

· Duas equipes jogando para marcar gols, com as restrições da regra.


Pebolim com dois toques

Em equipes iniciantes muitas vezes temos certa dificuldade de fazer com deixem de se aglomerar em torno da bola. Então armamos um jogo imitando o pebolim, armando dois jogadores atrás, dois jogadores no centro e dois jogadores na frente, com as duas equipes.



Estratégias e recursos

Espaço
Quadra esportiva, desenhados ou marcados doze espaços iguais em cada espaço colocar um jogador alternado entre uma e outra equipe.

Regras do jogo

· Fazer com que um jogador não possa invadir o espaço do outro, dando a ele a liberdade de tocar na bola livremente
· Cada jogador poderá dar somente dois toques na bola.

O que o atleta irá aprender com este jogo

· A não aglomerar em volta da bola
· Velocidade de raciocínio e planejamento antecipado de ações.
· Passar a bola em diagonais longas e curtas
· Movimentar-se rapidamente buscando ângulos e corredores favoráveis para passes e recebimentos.
· Desenvolver o jogo de triângulos.
· Fechar o meio e fazer coberturas.
· Fazer a leitura do espaço nas suas costas
· Controlar a ansiedade da posse de bola.
· Movimentar sem bola para abrir espaços para o companheiro
· Velocidade de pernas para domínio, passe e chute.

Qualificação prévia do atleta

· Ter uma qualidade de passe razoável
· Ter velocidade de reação
· Ter uma movimentação sem bola razoável
· Controle de ansiedade

Desenvolvimento

· Duas equipes jogando para marcar gols, com as restrições da regra.

Jogo sem goleiro

Ao desenvolvermos o jogo, nossos jogadores ficam expostos a problemas tais como jogadas, defesa, marcação, passe deslocamento, e nesse contexto esquecem o principal motivo do jogo que é chutar a gol. Muitas vezes, não executam o chute por falta de confiança.
Então um jogo que se desenvolva sem a presença do goleiro no início será um jogo estranho, mas com o passar do tempo e com a adaptação, será um bom jogo para devolver ao grupo a necessidade de chutar a gol com confiança de marcar.


O que o atleta irá desenvolver com este jogo

· Velocidade de pernas para domínio, passe e chute.
· Chutar a gol para marcar
· Acreditar no chute
· Ter o sentido do gol
· Buscar a marcação de gols
· Buscar o espaço para o chute.
· Travar o chute do adversário
· Não deixar e não dar oportunidade de chute ao adversário
· Se colocar sempre entre a bola e o gol
· Diminuir o espaço do marcador para dificultar o chute
· Fazer a leitura do espaço nas suas costas

Qualificação prévia do atleta

· Ter uma qualidade de passe razoável
· Ter velocidade de reação
· Ter uma movimentação sem bola razoável
· Controle de ansiedade

Desenvolvimento

· Duas equipes jogando para marcar gols.

Observação Importante

No inicio do jogo a tendência dos jogadores é chutar fraco por não ter a presença do goleiro, insistir na força do chute e no chute de primeira.


Conclusão e Recomendações

Os exercícios apresentados são frutos de experiências feitas ao longo dos anos de trabalho no futsal, e de acordo com as necessidades momentâneas. É importante que partindo destes princípios, cada um elabore seus próprios JDC, e acredite no seu resultado positivo, pois o mesmo virá.

domingo, 24 de maio de 2009

Jogos na Educação Física Escolar

O Jogo na Educação Física Escolar

Ao participar de uma aula de Educação Física Escolar (EFE) um aluno ou aluna, quer basicamente se divertir. Ele quer participar de algo que lhe de prazer, quer correr, quer lutar quer extrapolar limites enfim quer se sentir participativo. Uma criança com o cérebro em formação tem uma motivação intrínseca intacta, e para ele qualquer jogo é uma grande diversão e uma grande brincadeira. Já um adolescente, que tem sua área da satisfação e recompensa diminuída no cérebro, tornando sua motivação mais extrínseca que intrínseca, fica difícil se contentar com qualquer jogo.
Para nós professores de EFE muitas aulas se tornam um verdadeiro desafio, pois precisamos motivar alunos em fase de crescimento e transformação do cérebro de infantil para adulto, o que muitas vezes se torna uma tarefa não muito fácil.
Contudo, o jogo é uma poderosa ferramenta no auxilio de nossas aulas pois o jogo faz parte da competição, que por sua vez esta intrínseca no ser humano. A competição e o jogo fazem parte de nossas vidas desde que nascemos, o próprio nascimento é um jogo pela vida assim como uma competição para chegar a um mundo novo.
Portanto, dentro da EFE autônoma, o jogo devera ser a arma principal nas aulas. Porém, além de apenas jogar e se divertir, precisamos fazer com que o aluno evolua como ser humano, que aprenda determinados conteúdos inerentes a EFE, quais seja empatia, espírito de grupo, espírito de luta, raciocínio lógico e rápido, estratégias de ação, táticas de desenvolvimento, calculo de ações, planejamento, visão de futuro, e muitas outras que podemos acrescentar.
Neste momento em nossas aulas nos deparamos com um problema, ou seja, muitas vezes temos pouco espaço e nenhum material esportivo para desenvolver o jogo. E se temos material e espaço, muitas vezes confundimos o jogo escolar com o jogo institucionalizado, o jogo esportivo aquele onde o conteúdo de aprendizagem esta centrado no método. Então o jogo que precisamos desenvolver é o jogo lúdico o jogo que diverte e ensina, e este jogo deverá estar centrado no aluno, e no professor, ou seja, na pessoa que atua, ou então nas pessoas que atuam.
Para que isso aconteça dificilmente poderemos desenvolver um bom jogo, utilizando um esporte institucionalizado, com regras rígidas e previamente estabelecidas, e sim um jogo inventado por nos, adaptado as nossas reais condições de espaço e material, assim como adaptado ao conhecimento prévio dos alunos e sua capacidade de desenvolver o jogo. Em um esporte institucionalizado como futebol, futsal, vôlei, basquete, ou outro qualquer, existirá a dificuldade capacitatória em técnica individual para a execução do gesto técnico, o que acarretara em um grande número de erros técnicos, não sendo possível distinguir com clareza as diversas fases do jogo, culminando com a exclusão de pessoas da aula. Muitas vezes um esporte convencional não é bem praticado pelo não entendimento das fases do jogo.
Em um jogo criado por nos, em conjunto com os alunos, mesmo que seja um jogo adaptado de um esporte convencional, ficara muito mais fácil a participação de todos e o entendimento das fases, o desenvolvimento, a execução, com diversão e alegria. Estes jogos muitas vezes passam despercebidos por nós em virtude de entendermos que a EFE deve ser uma disciplina com alto nível de esportivização, desprezando assim os jogos simples.



Sugestão de Jogos Alternativos na Educação Física Escolar

Jogo 1 – aula 1

Rede e Peixe.
· Este jogo é uma adaptação do pegador corrente.

O que o aluno poderá aprender com esta aula
· Entender o funcionamento do jogo, suas várias fases; o ataque; a defesa
· Aproveitar todas as pessoas, onde colocar os fortes e os fracos, agir em grupo.
· Estruturar a tática utilizada, e quais as estratégias possíveis a desenvolver em cada momento.

Conhecimento prévio do aluno
· Conhecimento básico do jogo, atacar, defender, lutar, fugir, vencer e perder.

Avaliação
· Será avaliada nos níveis de leitura e interpretação em cada estágio do jogo.

Estratégias e recursos da aula
Espaço
Quadra esportiva, ou um espaço previamente delimitado. É importante que ajam limites espaciais a serem respeitados.

Desenvolvimento
· Dividir os alunos em duas ou mais equipes de forma que os componentes da equipe de mãos dadas, não cubram todos os espaços laterais delimitados.
· Uma equipe de mãos dadas devera atuar como rede para pegar os peixes, componentes da outra equipe que deverão fugir pelas laterais.
· A rede devera passar de um lado a outro da quadra pegando o Maximo de peixes possíveis, enquanto os peixes deverão fugir da rede.

Regras iniciais
Rede
· Devera ir somente para o frente, para voltar devera chegar ao final da quadra e virar a rede completamente.
· Não poderá soltar as mãos partindo a rede.

Peixes
· Não poderão passar entre a rede, por baixo das mãos.
· Não poderá sair do espaço delimitado como rio.
· Não poderá forçar a rede fazendo-a partir




Táticas
Rede
Colocar no centro da rede as pessoas mais fortes, pois as pressões exercidas nas extremidades sempre arrebentam a rede nas mãos mais fracas do centro, portanto estas deverão estar nas extremidades.

Peixe
Formar três linhas, uma no centro e uma em cada extremidade.

Estratégias
Rede
Marcar um peixe e pega-lo todos como se fosse um.
Retardar o avanço da rede para confundir os peixes.
Iniciar deixando uma passagem aberta e inverte o lado rapidamente

Peixes
Avançar e recuar rapidamente pelo meio, para arrebentar.
Abrir nas alas forçando esticar o Maximo arrebentando o meio
Colocarem-se todos em um mesmo lado e inverte rapidamente.

Placar
Vence quem conseguir pegar o maior numero de peixes em um tempo determinado.

Observações
É importante que não haja eliminação, mas sim somatório de peixes pegos. Incentivar a alternância de estratégias, e de táticas, promover o dialogo e a discussão sobre qual a melhor estratégia de ataque e defesa a empregar.
Partindo deste jogo você poderá criar inúmeras situações diferentes de jogar e evoluir o jogo e os jogadores.





Jogo 2 – Aula 2

O jogo das Bases
· Este jogo é uma adaptação do Beisebol
·
O que o aluno poderá aprender com esta aula
· Entender o funcionamento do jogo, suas várias fases; o ataque; a defesa,
· Aproveitar todas as pessoas, onde colocar os rápidos e os lentos
· Saber escolher o rebatedor e o lançador, agir em grupo, concentração e atenção na hora da corrida
· Disciplina e respeito as regras, organização espacial.
· Estruturar a tática utilizada, e quais as estratégias possíveis a desenvolver em cada momento.
· Liderar e entender a importância de respeitar as lideranças


Conhecimento prévio do aluno
· Conhecimento básico do jogo, atacar, defender, lutar, fugir, vencer e perder.

Avaliação
· Será avaliada nos níveis de leitura e interpretação em cada estágio do jogo.


Estratégias e recursos da aula
Tecnologias
Tv Pendrive
Pendrive
Quadro negro

Espaço
Campo ou quadra, desenhados as bases com giz ou cal, ou então marcados com bambolês.

Desenvolvimento
· Duas equipes, uma fica na base a outra na tentativa de conquistar a base.
· O numero de bases é o mesmo que o numero de jogadores menos dois
· As bases são desenhadas no chão ou feitas com bambolês, formado um circulo.
· Em cada base estará um jogador que será numerado de um ate o numero de jogadores. O ideal é ate dez jogadores por equipe.
· Dois jogadores da equipe serão destacados para serem o lançador e o rebatedor, estarão colocados no centro do campo de bases.
· A bola será lançada para ser rebatida o mais longe possível.
· Os jogadores das bases deverão correr para a base seguinte no sentido horário.
· Quando cada jogador tiver voltado a sua base de origem, será anotado ponto.
· Para isso todos deverão das uma volta completa no circulo de bases.
· Para a rebatida poderá ser usado um taco e uma bola de tênis.
· Também poderá ser usado uma bola de futebol para ser chutada.


Regras Iniciais
· Apenas o time que esta na base marca pontos
· Ao marcar um ponto entrega a base ao outro time.
· A outra equipe devera lutar para conquistar a base
· Cada equipe tem três tentativas de rebatida para trocar pelo menos uma base.
· Se em três tentativas não trocar apenas uma base, perdera a mesma.
· Para conquistar a base à equipe que esta fora devera, apanhar a bola, e queimar uma base vazia durante a corrida dos jogadores.

Detalhes importantes
· Ao perder a base a equipe que sai devera marcar onde estava cada jogador, pois ao recuperá-la, cada jogador devera entrar onde saiu, e não onde começou. Exemplo: o jogador nº 1 saiu na base 6. ao recuperar a base devera reiniciar na base 6, para chegar a base 1 e marcar ponto. Se a cada vez que recuperar a base iniciar novo jogo, corre-se o risco de ninguém marcar ponto.
· Se a rebatida foi boa a equipe poderá avançar varias bases
Táticas
Equipe na Base
· Escolher um bom lançador e um bom rebatedor
· Escolher um líder (capitão) para coordenar as ações de troca de bases
· Manter sempre ocupadas as bases no lado onde a bola foi rebatida.

Equipe fora da Base
· Escolher um bom pegador de bola para receber a bola e queimar a base.
· Escolher um bom lançador para lançar a bola ao pegador
· Escolher um bom corredor para buscar as bolas longas
· Formar uma linha de passe para o retorno rápido da bola

Estratégias
Equipe da Base
· Rebater a bola para o alto e para a frente pois tira a noção de espaço da queda
· Rebater sempre para lugares diferentes
· Trocar as bases imediatamente após a batida.
· Estabelecer sinais sonoros para coordenar a troca de bases.
· Evoluir base a base, pois é mais fácil de manter o controle

Equipe fora da Base
· Deslocar-se previamente onde a bola esta caindo
· Estabelecer uma rápida volta da bola
· Interferir nos sinais sonoros de troca de base
· Incentivar a troca constante de bases, pois isso gera confusão.
· Fazer pressão verbal no rebatedor.

Placar
Vence quem der o maior numero de voltas no campo de bases.

Observações
· O professor devera observar a evolução do jogo e dos jogadores, e ir criando novas regras assim que perceber um crescimento no entendimento do jogo.
· Incentivar a utilização de diferentes estratégias e fomentar a liderança para o bom funcionamento do jogo.
· Fazer perceber no aluno a importância da interferência do líder nos momentos de indecisão da equipe, e compará-la com a importância do técnico.


Jogo 3 – Aula 3

O jogo da Conquista do Terreno
· Este jogo é adaptado do Futebol Americano.

O que o aluno poderá aprender com esta aula
· Entender o funcionamento do jogo, suas várias fases; o ataque; a defesa e neste jogo, começa se evidenciar o que é contra ataque e recontra ataque
· Aproveitar todas as pessoas, onde colocar os rápidos e os fortes, saber escolher o lançador, agir em grupo, concentração e atenção na hora da corrida
· Disciplina e respeito as regras, organização espacial.
· Estruturar a tática utilizada, e quais as estratégias possíveis a desenvolver em cada momento.
· Liderar e entender a importância de respeitar as lideranças

Conhecimento prévio do aluno
· Conhecimento básico do jogo, atacar, defender e contra atacar, lutar, fugir, vencer e perder.

Avaliação
· Será avaliada nos níveis de leitura e interpretação em cada estágio do jogo.

Estratégias e recursos da aula
Tecnologias
Tv Pendrive
Pendrive
Quadro negro

Espaço e Material
· Campo ou quadra, desenhados as faixas com giz ou cal, ou então marcadas com fitas.
· As faixas serão desenhadas em toda a extensão lateral, a cada seis metros no mínimo, para um espaço de 42 metros
· Na faixa do centro será desenhado um circulo do centro co campo, onde terá inicio a cada ponto marcado.
· Uma bola

Desenvolvimento
· Jogo entre duas equipes
· A conquista do ponto se faz levando a bola ate o fundo do campo. Ultima linha.
· A bola pode ser lançada para alguém que esta adiante, ou levada até lá, correndo com ela.

Regras Iniciais
· Cada equipe tem três tentativas para evoluir 6 metros no ataque
· Duas tentativas no contra ataque e uma no recontra ataque
· A bola não pode cair, ou perde uma tentativa.
· Se em três tentativas no ataque, duas no contra ataque e uma no recontra ataque, a equipe não evoluir pelo menos uma linha de seis 6 metros, perde a posse de bola.
· A outra equipe iniciara o jogo daquele exato local.
· As linhas de ataque e defesa deverão estar posicionadas frente a frente, uma em cada linha no local onde esta a bola, formando um espaço de seis metros entre ambos.
· A primeira bola devera ser lançada para trás, para a linha de ataque.
· Para o jogador que correr com a bola, a forma de pará-lo é tocar nele está colado, como na brincadeira de mãe cola.


Detalhe importante
· Após iniciar o recontra ataque, se as equipes não evoluírem, tudo passa a ser recontra ataque, tendo apenas uma chance de evolução. Desta forma a tática e as estratégias deverão ser bem pensadas.
· As marcas riscadas no chão são importantes no desenvolvimento do jogo, pois agirão como “signos” (VYGOTSKY) para os jogadores.

Táticas

Ataque
· Utilizar várias linhas de ataque
· Na primeira linha, os defensores do lançador.
· Nas alas os corredores com suas linhas de defensores

Defesa
· Produzir varias linhas de defesa
· Posicionar as linhas de defesa de acordo com as linhas de ataque do oponente.
· Defesa em rede, ou corrente para interceptar os corredores

Estratégias

Ataque
· Variar o posicionamento dos corredores pelo meio e o lançador nas alas
· Utilizar lançadores corredores
· Lançar a primeira bola na ala para desmontar a defesa adversária, e inverter o jogo para o lançamento final ou corrida.
· Procurar evoluir linha a linha, que é mais fácil de manter o controle.

Defesa
· Defesa agressiva ao lançador para tirar sua concentração.
· Correr junto com o receptor para interferir na pegada


Observações
· Incentivar e fomentar os planos de ação das equipes.
· Incentivar estratégias e posicionamentos diferentes
· Criar junto com os alunos novas regras que enriqueçam o jogo.



terça-feira, 19 de maio de 2009

Tênis: Função Positiva das Alavancas Motoras


Aírton Leite Bastos
União da Vitória – Pr – Brasil
cabobasto@yahoo.com.br


Resumo

Ao buscar um melhor aproveitamento esportivo para jogadores de tênis iniciantes, surgiu a idéia de aproveitar a ação em seqüência proporcionada pela utilização do conjunto de alavancas biomecânicas motoras que compõe o corpo humano. Colhendo informações bibliográficas percebe-se que o assunto, apesar de ter uma grande relevância na melhora do desempenho atlético, é pouco explorado e com pouca bibliografia tanto geral quanto específica. Contudo, é notório que a melhor aplicação das alavancas na ação em seqüência acrescenta um ganho em qualidade de potência aos golpes no tênis. Desta forma foi então desenvolvido um trabalho de pesquisa e aplicação para um grupo de jogadores de tênis, através de pesquisa bibliográfica, aplicação do trabalho de verificação de resultados para se chegar ao uma conclusão científica do que era empiricamente mensurável.

Palavras Chave: ação em seqüência – momento de força – arranjo de ossos e músculos

1 Introdução

Ao buscar uma colocação de destaque na competição de tênis escolar anual em Santa Catarina, um estado com um elevado nível de qualidade nesta modalidade, sentiu-se a necessidade de utilizar ferramentas de treinamento desportivo que dessem um ganho na qualidade dos atletas, e fizesse alguma diferença na competição. O simples trocar bolas de fundo, subir a rede, ou ainda alguns treinamentos comuns a todos não trariam os resultados esperados, pois feita uma análise os treinamentos eram todos iguais, o que daria um crescimento igual a todos, deixando aqueles que estavam na frente em ganho atlético se mantivessem sempre na frente.
Observando os jogadores de tênis em todos em todos os níveis, ficaram perceptíveis que aqueles com maior qualidade de técnica e de potência eram aqueles que naturalmente utilizavam uma melhor postura corporal, aproveitando o seqüencial de alavancas biomotoras que existem no corpo humano para em uma ação em seqüência dar aos seus golpes maior nível de potencia e melhor nível de precisão.
Esta postura ficava cada vez mais clara conforme o estudo ia se aprofundando e percebia-se que além da utilização da ação conjunta de alavancas, utilizava-se também um melhor aproveitamento angular na busca da melhor musculatura capaz de efetuar o golpe. Esse arranjo de ossos e músculos dava aos atletas, que deles se apropriaram, um diferencial de qualidade e de resultados no final da competição.
Portanto, tendo esta certeza empírica, houve a necessidade do estudo detalhado da situação, da aplicação prática nos jogadores, desenvolvimento dentro de uma planificação específica e da coleta e analise dos resultados para que houvesse então uma comprovação positiva cientificamente elaborada.
Chama a atenção, a pouca bibliografia de um assunto que tem uma grande relevância na possibilidade de ganho na produção de resultados positivos. Deu-se a impressão que o assunto não está sendo levado em conta, por profissionais da área do treinamento desportivo, ou por não entenderem a necessidade de tal ação, ou por desconhecerem o nível na melhora da qualificação em seus jogadores com a correta utilização das alavancas motora existentes no corpo humano, não apenas no tênis mas também em todos os esportes.

2 Referencial Teórico

Ao analisar o corpo humano em movimento pode-se perceber que o mesmo não é um corpo rígido que se desloca no espaço, mas sim um corpo flexível que desenha movimentos graciosos. Esta situação é inerente ao sistema de articulações que deixam leve e suave o se deslocar humano contribuindo não só à plasticidade do movimento como também a minimização do gasto em energia.
O que proporciona todo esse conjunto é o sistema de alavancas existentes no corpo humano que, como enfatiza Bôer (1973, p.59) “O corpo humano, quase sem exceção, é um sistema de alavancas de terceiro grau”. Essas alavancas são formadas pala inserção muscular no osso, nas proximidades articulares, e que determinam o funcionamento correto do sistema biomotor. Esse sistema é acionado através do estímulo muscular movimentando os ossos, que apoiados nas articulações determinam a força e a velocidade do movimento. Por serem as alavancas humanas de terceiro grau e estando os grupos musculares inseridos na parte proximal das articulações, deixam o braço de força menor que o braço de resistência determinando desta forma que as alavancas biomotoras humanas são mais eficientes para a velocidade que para a força. “[...] alavancas ósseas tem um braço de força menor que o braço de resistência, o corpo humano é [...] melhor equipado para executar movimentos rápidos que potentes”. (Hay, 1981, p. 109).
Entretanto, as alavancas humanas são harmoniosamente constituídas e ordenadas para dar ao ser humano um ganho em força e em velocidade, fazendo assim com que este supere os limites naturais do próprio corpo. Esse conjunto perfeito de alavancas agindo em conjunto umas com as outras, fazendo determinados arranjos para utilizar grupos musculares que possam ser otimizados, irá provocar uma ação em seqüência que dará ao executante do movimento um ganho real tanto em velocidade quanto em potência.
Portanto para executar trabalhos mecânicos, que de acordo com Hamil e Knutzen, (1999. p. 416) [...] é igual ao produto da magnitude de uma força aplicada a um objeto, e a distância que o objeto se move [...]” é necessário saber qual a capacidade do músculo em gerar esta força. Os músculos tem uma capacidade de gerar força de tração apenas em sentido unidirecional em virtude das articulações humanas serem do tipo dobradiça, com pouca mobilidade para movimentos laterais, o que indica que a força muscular agindo através de uma articulação, é uma força total de músculos individuais, com vários músculos agindo através de uma única articulação. Nesta situação ainda se percebe que como enfatiza Wilmore e Costill, (1994), a capacidade dos músculos em gerar força de tração varia ao longo da amplitude do movimento. Isso demonstra que o ser humano se utiliza de um conjunto de músculos e ossos para desenvolver momentos de força, que são conhecido como torque. “Quando uma força é aplicada de modo que cause uma rotação, o produto daquela força e a distancia perpendicular à sua linha de ação é denominada torque ou momento de força” (Hamil e Knutzen, 1999, p. 429). Para que momentos de força sejam produzidos, são necessário uma haste rígida e um ponto fixo de apoio que cause uma rotação. No corpo humano as articulações proporcionam esta situação, podendo portanto ser aplicados momentos de força no trabalho mecânico desenvolvido pelo ser humano. Ainda de acordo com Hamil e Knutzen, (1999) a força é produto da aceleração vezes a massa, ou seja, para termos um ganho de força expressivo deve-se aumentar a massa muscular que aliada a velocidade de movimento produzirá um ganho de força.
Quando se fala em desempenho atlético esportivo é necessário entender que o arranjo de ossos e músculos poderá contribuir cada vez mais na melhoria dos resultados através do sistema integrado de alavancas biomotoras, pois como enfatiza Hay, (1981) o sistema de alavancas no corpo humano serve para aumentar a capacidade de desempenho atlético.
Foss e Keteyian (1998) através de estudos perceberam que o sistema mecânico humano necessita da presença conjunta de ossos e músculos para desempenharem trabalho mecânico, pois “É o arranjo de ossos e músculos juntos que determina o efeito final” Foss e Keteyian (1998, p. 308). Desta forma precisam-se colocar tudo em perfeita harmonia para conseguirmos um aumento real no trabalho mecânico desejado.
Ao realizar um movimento mecânico utilizando o arranjo de ossos e músculos estes não conseguem realizar a mesma força de tração ao longo de toda a amplitude do seu movimento. Existem durante a execução de um movimento, ângulos mais favoráveis enquanto outras não produzem o trabalho desejado. Quando um músculo age sozinho, sua capacidade de gerar força de tração é limitada pelo grau de atuação que consegue esta maior tensão. No entanto, quando as alavancas biomotoras são acionadas conjuntamente estas deflagram uma “ação em seqüência”, criando variações de amplitude nos graus, e transferindo a capacidade de tensão de alavanca para alavanca, utilizando a melhor capacidade de tensão de cada grupo muscular e em seu ângulo de melhor capacidade de atuação. O resultado é a somatória das forças em conjunto que irá aumentar o torque final do movimento.
Contudo um aumento considerável no ganho de força só é possível por curtos períodos de tempo, esta capacidade conhecida como potencia muscular é explicada por Hamil e Knutzen, (1999) como mudança no trabalho e no tempo, definida como produto do momento muscular total e a velocidade angular articular. Então o agente de força das alavancas biomotoras são os grupos musculares atuantes no segmento a ser utilizado através de uma única articulação. O que irá determinar a qualidade do efeito final no ganho de força será um encaixe perfeito de músculos mais apropriados para aquele tipo de trabalho, dentro a velocidade angular, criando uma ação em seqüência, proporcionando então um momento de força otimizado através das alavancas biomotoras existentes.


2.1 A Aplicabilidade das alavancas


Conforme identificado anteriormente, o músculo tem capacidade de gerar apenas força unidirecional, portanto para obtemos um aumento no desempenho de qualidade do exercício, necessita-se conhecer e aplicar corretamente o sistema de alavancas que irá atuar no segmento utilizado, para formar uma ação em seqüência. Também se; como afirmam Hamil e Knutzen, (1999) o resultado do trabalho mecânico é o produto da magnitude de uma força aplicada, e a distância que o objeto se move, percebe-se que quanto mais potente o músculo aplicado no exercício que irá realizar o trabalho, maior a magnitude da força aplicada no esforço com melhor qualidade no desempenho.
O movimento deve ser orientado na alavanca que utilize o músculo com maior poder de torque, evidenciando que a aplicação de forma equivocada em um conjunto de alavancas irá utilizar um músculo com menor capacidade de gerar força de tração diminuindo assim a potencia no golpe, cansando mais rapidamente, aumentando o risco de lesões e diminuindo a qualidade e desempenho do golpe aplicado.
Um bom movimento no tênis golpeando com uma aplicação correta no arranjo de ossos e músculos seria o golpe de direita (forehand) aplicado com o braço (úmero) em um ângulo de (+-) 45° em relação ao tronco, o antebraço (rádio e ulna) em um ângulo de (+-) 90° em relação ao braço, o punho formar um ângulo de (+-) 30° em relação ao antebraço, e todo esse conjunto formar um ângulo de (+-) 200° em relação ao tronco. Este conjunto angular irá utilizar alavancas reunidas de ombro, de cotovelo e de punho, gerando assim uma ação em seqüência, tendo como alavanca principal no torque final a alavanca de cotovelo na articulação radio ulnar, a qual irá recrutar músculos como bíceps e tríceps braquial, braquial e braquiorradial para motor de ação final. Entretanto para se chegar a potência máxima no torque final, deverá ter sido observado todo o conjunto do corpo, partindo da posição de pernas, a rotação do tronco como ação primária e a alavanca de ombro como apoio e transferência de ação em seqüência e a alavanca de punho na aceleração final, pois como enfatizam Wilmore e Costill (2001, p. 101) “A capacidade de um músculo ou de um grupo muscular gerar força varia ao longo da amplitude total do movimento”.
Desta forma deduz-se que o conhecimento da perfeita sincronia das alavancas biomotoras ao longo do movimento irá determinar uma melhor qualificação no desempenho atlético servindo como referencial de qualificação esportiva de resultados.


3 Desenvolvimento Metodológico

Para analisar a consistência do resultado positivo na aplicação das corretas posturas na utilização das alavancas biomotoras, acionando os arranjos de ossos e músculos mais indicados para a prática da atividade, foi estabelecido um teste entre dez pessoas que participaram de uma bateria de exercícios durante seis meses e em um grupo de dez pessoas da mesma faixa etária que não participaram da bateria de exercícios para fazer uma avaliação da diferença.

3.1 Instrumentação
Foi utilizada durante um período de seis meses uma bateria de exercícios com o objetivo de corrigir a postura de alavancas, e mensurar no final a evolução da qualidade técnica individual proporcionada, através de teste de potência.

Primeiro exercício: objetivo do movimento: aumentar a potência no golpe sem perder o controle.
Alavancas utilizadas:
Alavanca de braço; com o braço (úmero) formar um ângulo de (+-) 45° em relação ao tronco, o antebraço (rádio e ulna) em um ângulo de (+-) 90° em relação ao braço, o punho formar um ângulo de (+-) 30° em relação ao antebraço, e todo esse conjunto formarem um ângulo de (+-) 200° em relação ao tronco. Esse conjunto irá utilizar alavancas de punho, cotovelo e ombro.
A musculatura utilizada ao longo do movimento, no arranjo final de ossos e músculos será; como ação motora principal, o bíceps e tríceps do braço, coracobraquial, braquial e braquiorradial do antebraço. Como músculos de ação primária serão utilizados o deltóide, peitoral maior, peitoral menor, redondo maior e trapézio, e como músculos de apoio e arranque do movimento, o supra espinhal, subescapular, oblíquo interno e externo, reto e transverso do abdômen.
Alavanca de pernas; a perna assimétrica levemente flexionada, a perna simétrica projetada para trás, paralelamente e em um ângulo de (+-) 200° em relação ao eixo do tronco. Ao golpear a bola estender a perna assimétrica e flexionar levemente a perna simétrica. Este movimento sincronizado com as alavancas de braço irá proporcionar um ganho na potência final do movimento, mantendo o controle de qualidade tanto na paralela quanto na cruzada.
O movimento considerando atleta destro; na aproximação da bola, segurar com a mão esquerda a cabeça da raquete, rodar o corpo para trás utilizando-se de força angular. Ao golpear a bola, soltar a mão esquerda da raquete e projetá-la a frente iniciando o movimento de rotação do tronco utilizando inicialmente a força dos músculos abdominais, obliquo interno e externo, reto e transverso como motor de arranque para um ganho maior no torque final aproveitando a força angular. Em seguida deflagrar o movimento de “ação em seqüência” das alavancas descritas anteriormente, iniciando pela alavanca escapulo - umeral e terminando na alavanca rádio-cárpica, dando aceleração final de punho.


3.2 Teste de Potência
O atleta, colocado em um espaço aberto, golpeia parado em forehand a bola, para que esta alcance a maior distância possível. O resultado colhido foi o melhor de três tentativas.

Variáveis para o teste de potência
Nº de alunos: 20. 10 no grupo aplicação e 10 no grupo controle
Idade entre: 12 e 15 anos
Velocidade do vento: insignificante
Posição do sol: lateral
Nível de ruído: mínimo
Nº de bolas utilizadas: três
Qualidade das bolas: novas




4 Conclusão e recomendações

Ao terminar a analise dos testes, ficou comprovado aquilo que já se havia percebido empiricamente através de observação de jogadores de tênis. Este trabalho faz parte de uma monografia apresentado ao curso de Pós graduação em Motricidade Desportiva e Escolar da UnC na cidade de Mafra – SC.
A escolha por fazer a analise e o estudo em jogadores de tênis foi em virtude de maior facilidade naquele momento de minha carreira, no entanto a aplicabilidade das alavancas biomotoras poderá dar ganho de potencia e melhora na qualidade final do desempenho atlético em qualquer modalidade esportiva.
Depois de terminado este trabalho, passei a observar a melhor aplicação corpórea cinestésica dentro do aproveitamento das alavancas biomotoras no futsal e percebi também grande melhora nas posturas de passe e arremate, contudo sem tem ainda um teste real que comprove esta situação.
Apesar de não ter desenvolvido um teste especifico para o futsal recomendo a observação da perfeita composição de alavancas organizando o arranjo de ossos e músculos nos atletas para a melhora da performance atlética.


5 Bibliografia

Broer, Marion R. Introdução à cinesiologia – Rio de Janeiro. Fórum, 1973

Fleck, S. Adaptação do Sistema Nervoso à Resistência do Treinamento. http://orbita.starmedia.com/~efba/.2003

Foss, M. L. e Keteyian, S.J. Bases fisiológicas do Exercício e do Esporte; Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2000

Gray, Henry; Anatomia; Rio de Janeiro. C.M. Gross 1988

Hay, James G. Biomecânica das Técnicas Desportivas. Rio de Janeiro; Interamericana, 1981

Hamil, J. e Knutzen, K. M. Bases Biomecânicas do Movimento Humano, São Paulo Manole. 1999

Matheus, D. K. e Fox, E. L. Bases Fisiológicas da Educação Física e do Desporto; Rio de Janeiro Interamericana 1893

Wilmore, J. H. e Costill, D. L, Fisiologia do Esporte e do Exercício; São Paulo Manole. 2001

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O JOGO

O JOGO NA CONSTRUÇÃO DO SER HUMANO E DO SEU PENSAR

Ao longo dos anos de experiência no trabalho com pessoas de várias idades sempre jogando com eles e ensinando a jogar, percebi que aqueles que entendem o jogo e que o desenvolvem de forma harmônica, competitiva e alegre, no sentido de conquistar vitórias, mas neste caminho conquistar muito mais amigos que inimigos tornam-se pessoas de cabeça pensante não apenas nos movimentos que o jogo proporciona, mas sim e também na forma de entender a vida, entender a política, entender princípios de democracia, de solidariedade, enfim tem uma melhor estrutura cerebral para entender o mundo e seus problemas, atuando mais concretamente na ajuda a uma busca de soluções.
Isto nos remete a dedução que ao pensar para desenvolver o jogo ao qual esta inserida a pessoa desenvolve juntamente uma capacidade de pensar ampliada, o que lhe facilita o entendimento geral do mundo e da vida.
Analisando a influencia e o poder do jogo em modificar e atuar na modificação do pensamento do ser humano, percebemos que o ocorrido é o aumento da capacidade de utilização da rede neuronal, o que da uma ampliação na capacidade de pensar, e de entender tudo o que está a sua volta. Isto porque o jogo na verdade é uma estrutura complexa que exige do seu executante um grau elevado no nível de raciocínio.
Ao jogar a pessoa coloca em ação várias áreas do cérebro ao mesmo tempo, atuando de forma coordenada, exigindo deste uma ampliação da rede neuronal e um aumento na velocidade dos impulsos elétricos para acompanhar os movimentos do jogo, que apesar de partirem de ações individuais, são desenvolvidas de maneira conjunta, em situações de ataque, defesa e contra ataque, dentro de variações de táticas e estratégias, com elementos variáveis, objetivando uma conquista final, expandindo a forma de agir, de atuar e de lutar pelo bem coletivo, transformando desta forma o sujeito.

Palavras chave: Jogo, Ataque, Defesa, Contra ataque, Tática, Estratégia.



O Jogo
O jogo exige para o seu desenvolvimento uma serie de requisitos que deverão ser entendidos de forma distinta, porém realizados de forma conjunta. Devemos separar as várias fazes do jogo para a sua compreensão, porém não podemos separá-las para a sua execução. O jogo envolve elementos tais como; ataque; defesa; contra ataque; táticas; estratégias; níveis de risco alem de elementos variáveis como; torcida a favor; torcida contra, temperatura; altitude, uniformes, calçados, implementos para jogar entre outros. Portanto para atuar em um jogo o ser humano precisa desenvolver as inteligências: Lógica, Lingüística, inter pessoal, intra pessoal, corpóreo cinestésica, espacial, emocional.
É muito comum percebermos jogos onde alguns de seus executantes não estão conseguindo discernir com clareza qual momento do jogo estão desenvolvendo, muitas vezes quando a pressão da partida atinge altos índices de stress, o atleta iniciante pode não lembrar se esta atacando, defendendo ou contra atacando. A primeira vista isto pode parecer estranho e impossível, mas é o que acontece muitas vezes.
Para solucionar este problema, devemos deixar claro aos executantes as fases do jogo, e ensina-los a distinguir qual momento estão vivenciando, quais as táticas e estratégias adequadas para cada momento do jogo.
Inicialmente podemos dividir o jogo em três partes distintas: o ataque, a defesa e o contra ataque, estabelecer uma tática clara, e orientar uma estratégia flexível, analisar as variáveis do jogo tais como: Níveis de risco que podemos correr quais as pessoas que iremos utilizar como serão escalado e em quais momentos, qual a força total do nosso grupo e do grupo adversário, qual a força individual do nosso grupo e do grupo adversário, entre outros.
Em seguida analisar as competências para desenvolver o jogo, ou seja, técnica individual dos elementos, a técnica coletiva, ou como fica o conjunto das ações individuais, nível físico e psicológico dos componentes da equipe.




Fundamentos Essenciais Relativos A Prática Do Jogo

O Curso do jogo esportivo é relativamente simples, pois em poder do objeto do jogo (bola) e leva-lo até o objetivo (cesta, ponto, gol). Certamente é sabido que irá vencer aquele que conseguir marcar o maior numero de gols, ou cestas, ou pontos, tendo pela frente obstáculos de transposição construídos pelo adversário que tem a mesma intenção, ou seja, a vitória.
Portanto, o jogo é um problema que se apresenta, e que deverá ser resolvido de forma coletiva, através de ações individuais. A qualificação destas ações individuais é que irão determinar a qualidade das ações coletivas na forma de produção de obstáculos, ou na forma de transposição dos obstáculos encontrados durante a tentativa da conquista do objetivo (ponto).
Equivale a dizer, que na produção de movimentos para superar o adversário, será individualmente e como equipe, uma seqüência de movimentos que necessitarão de várias capacidades e habilidades, as quais irão determinar o sucesso ou o fracasso da tentativa de vitória durante aquele jogo.
Neste contexto, os fundamentos básicos individuais essenciais para a produção de obstáculos assim como para sua transposição são: Individuais; passe, arremate, domínio da bola, movimentação com e sem a bola, drible e finta, defesa e desarme. Físicos; força, velocidade em suas variáveis, resistência, potencia, agilidade. Psicologias; paciência, controle emocional, empatia, raciocínio lógico e abstrato, capacidade de planejamento rápido entre outros.
Os fundamentos básicos coletivos essenciais são capacidade de conhecer as táticas e suas variáveis, capacidade de elaborar estratégias e flexibiliza-las nos momentos oportunos, capacidade de fazer a leitura do jogo, capacidade de determinar o ritmo do jogo, capacidade de produzir defesa e elaborar coberturas, capacidade de produzir ataques e dar apoio, velocidade de reação no posicionamento de contra ataque entre outros.

Desenvolvendo o Jogo

Quando já consciente do funcionamento estrutural do jogo, poderá então o grupo iniciar o jogo, para isso é preciso fazer a leitura do jogo, de como o jogo esta acontecendo, quais são as táticas utilizadas pelas equipes, que tipo de estratégias poderá ser utilizada ou qual a estratégia utilizado pelo adversário, quais os pontos fortes e fracos das equipes, como tirar proveito disso, e como fazer quando a adversário percebe em nós um ponto fraco e começa a explorar.
Em seguida fazer uma releitura de como esta o jogo neste momento, de onde ele veio e como veio até aqui, e partindo daqui para onde o jogo se encaminha e de que forma percorrerá este caminho. Isso implica em saber o que fazer para mudar o jogo, ou o que o adversário poderá fazer para mudar este jogo, e qual nosso procedimento se o jogo mudar, qual a nossa qualificação para fazer o que?
Na parte física, como esta o ritmo do jogo, podemos sustentá-lo até o fim, poderemos aumentar o ritmo, o volume do ataque esta suficiente, estamos empregando a força necessária para o ritmo atual, precisamos de mais velocidade, ou mais explosão, poderemos sustentar o ritmo de explosão necessário ou temos que diminuir o ritmo?
Taticamente, qual nossa atitude de defesa, como o adversário montou sua defesa, quais são seus pontos vulneráveis, qual a velocidade de transição para o contra ataque, o contra ataque é produtivo ou esta perigoso, que estratégia de contra ataque adotar diante da qualificação do adversário, qual a precisão e a qualidade das ações individuais de ambas a s equipes?
Todos estes itens fazem parte do jogo objetivo, porém não poderemos esquecer do jogo subjetivo, aquele poderá fazer uma grande diferença no resultado, porém não aparece no objetivo.
Assim sendo, como foi feito a construção mental antes do jogo, como pensar o jogo, antes e durante, como intuir, como construir o jogo subjetivamente para aflorar objetivamente com sucesso, como utilizar um sistema de signos no inconsciente coletivo, como acionar no coletivo o sistema de subsunção para deflagrar o sistema de signos.
E ainda, qual o sentimento que prevalece nos jogadores, o medo, a empáfia, o respeito, a seriedade a alegria, a segurança, a tranqüilidade, pois estes sentimentos deverão influenciar muito na tomada de decisões.


A TRANSPOSIÇÃO DE OBSTÁCULOS (Ataque)

Uma vez iniciado o jogo, na sua seqüência irão aparecer obstáculos para serem transpostos. Analisando comentários após o término de um jogo, percebemos que quanto maior o número de obstáculos a serem transpostos de ambas as partes, maior a euforia do combate realizado. Muitas vezes a partida foi tão cheia de obstáculos, que vencedores e vencidos estão se sentindo bem com o combate realizado.
Ao observarmos crianças, quando brincam sozinhas, ou em grupos reduzidos, elas mesmas produzem obstáculos imóveis ou fictícios que é para o jogo “ter mais graça”, portanto, a produção e a transposição de obstáculos durante a realização de uma partida é o que dá sentido ao jogo.
Para Zun Tzu, você pode se defender ferrenhamente e não perder uma batalha ou duas, porém para ganhar uma guerra e principalmente para conquistar um reino, você precisa além de uma defesa forte, um corpo de homens selecionados, preparados e qualificados para o ataque. Uma força de ataque para ser bem sucedida, deverá cair em cima do adversário como uma águia em sua vitima, sem que a mesma tenha tempo de reagir, portanto, ao entrarmos na disputa de um campeonato, se quisermos ser campeões, precisamos selecionar treinar e qualificar homens para o ataque e contra ataque, entretanto estes homens selecionados e preparados para tal devem entender a raiz de como irão acontecer estas ações ofensivas na conquista da vitória.


PRODUÇÃO DE MOVIMENTOS DE ATAQUE

Quando vamos desferir o golpe fatal do ataque deveremos fazer com que o adversário pense que estamos perdidos e desorientados. Isto posto, ele ira relaxar na defesa, ira transferir o pensamento de defender e pensar em se apropriar da bola para consignar o gol, este é o momento de desferir o golpe fatal. Nesta tentativa de produção de movimentos ofensivos os jogadores devem ter a consciência de quais as ações que envolvem uma boa produção de ataque.
Uma demonstração de produção de movimentos de ataque poderá ser encontrada no artigo “Padrão Redondo”, neste Blog.

MOVIMENTOS COMBINADOS

Ao colocar uma equipe para desenvolver um jogo, necessariamente seus componentes precisarão combinar alguns movimentos e posicionamentos, esta organização surge naturalmente em qualquer equipe, quando os atletas começam a fazer a leitura do jogo.
Desta de combinação de movimentos, nasce a necessidade da intervenção do treinador, que irá administrar e treinar estes movimentos para que façam parte do conjunto da equipe, isto é, que pertençam ao engrama coletivo da equipe.
Estes movimentos combinados são conhecidas popularmente como “Jogadas Ensaiadas”. Na produção de movimentos ofensivos, necessariamente e naturalmente busca-se a combinação destes movimentos entre seus integrantes, portanto, treina-los é primordial.
Ao treinarem jogadas combinadas, o treinador deverá ampliar o leque de ramificações desta jogada, e implanta-lo na memória inconsciente dos atletas, para que ao se deparar com um obstáculo colocado em seu caminho, seu engrama acione subsunsores (organizadores prévios) que encontrem uma saída rápida, natural e entendida por todos.
Assim sendo, precisamos reconhecer a característica pessoal de cada um dos integrantes do grupo com o qual trabalhamos, e criar a jogada dentro destas características, e não desenhar qualquer coisa em um papel e exigir de atletas sua execução sem a prévia avaliação da capacidade pessoal de cada um para aquele desenho.

MOVIMENTOS EXPONTÂNEOS
Quando estamos dirigindo um veiculo em uma cidade conhecida, ao encontramos um obstáculo que não permita seguir passagem por aquele caminho, imediatamente e sem pensar, desviamos espontaneamente e encontramos um caminho alternativo para chegar ao fim. Isto acontece porque nosso conhecimento do local e das redondezas é amplo, e temos em nossa memória inconsciente um mapa completo da região. Segundo Medina (1986, p. 46)

[...] Para que tal ocorra, é necessário construir no cérebro uma rede ampla de circuitos neuronais capacitados a comandar a execução dos movimentos. Esta rede de circuitos é como se fosse o mapa de uma grande cidade, quanto maior o conhecimento dos caminhos a percorrer, tanto maior velocidade para se chegar ao lugar de objetivo. Além de conhecer o caminho mais curto a seguir, é necessário também conhecer os atalhos e as alternativas de caminhos a percorrer, caso a primeira via planeja esteja bloqueada por algum motivo. O processo educativo só se completa quando provoca uma mudança com comportamento [...]


Portanto, ao oportunizarmos aos atletas, uma infinidade de movimentos espontâneos estaremos deixando que os mesmos criem em sua memória motora (engrama) um amplo mapa de movimentos com várias saídas para desviar obstáculos produzidos pelo adversário, além disso, com um grande mapa de movimentos no inconsciente coletivo, será fácil ao treinador, desenhar jogada para combinar, pois se houver algum obstáculo no caminho, a variante aparecerá espontaneamente

SITUAÇÕES ESPECIAIS (CONTRA ATAQUE)

O contra ataque, parte de uma situação de desvantagem para uma posição de vantagem. Desvantagem, porque para sair em contra ataque a equipe precisa estar sofrendo um ataque, vantagem porque ao perder a bola o adversário demora alguns segundo para inverter no cérebro a posição de agressor para agredido.
Assim sendo, em vantagem numérica, usar a velocidade de passes, com flutuação de bola em direções opostas, assim o adversário não terá a condição de reagrupar e organizar a defesa a tempo.
Entretanto, o contra ataque é uma arma poderosa, e como toda arma se não for bem utilizada poderá se voltar contra a própria equipe, pois existe o perigo de ao se lançar ao contra ataque, não concluí-lo, deixando a bola viva, esta poderá voltar contra si próprio.
Para a produção de um bom contra ataque, a equipe deve possuir uma boa troca de passes, fazer a bola andar rápido, trocar a bola de direção para fazer a cabeça dos defensores rodar, (ver em “Padrão Redondo), ser objetivo, ter uma boa movimentação sem bola, e concluir.

A PRODUÇÃO DE OBSTÁCULOS (DEFESA)

De acordo com Zun Tzu, os grandes guerreiros sempre se colocam em uma posição que torne a derrota impossível, desta forma o adversário percebe que não conseguirá vencer, e fica apenas esperando o momento da derrota.
Um reino ao tentar conquistar outro reino, só o poderá fazer, se suas defesas forem sólidas, pois ao se lançar ao ataque na conquista de um reino com sua defesa fraca, certamente um terceiro governante irá ocupar o país desguarnecido na defesa.
Portanto, a solidez de uma equipe esta na capacidade de sua produção de obstáculos impedindo que adversários penetrem em seu território defensivo sem levar um contra golpe mortal.
Jogar com um adversário com defesa intransponível, é saber que a qualquer momento sua equipe levará um gol e perderá o jogo. E de acordo com Vanderlei Luxemburgo, o medo de perder tira a vontade de ganhar.
Contudo, a produção de obstáculos é uma questão de atitude pessoal, muitos treinadores passam a vida ensinando seus atletas a atacar, as crianças crescem com instinto de ataque, os pais e a sociedade esportiva valoriza o ataque, desta forma, o plano de defesa no esporte é sempre olhado como sendo demonstrativo de qualidade inferior.
Entretanto, o que da segurança a uma equipe, a seu jogadores, seus dirigentes, e até a torcida, é perceber que sua defesa é sólida.


CONCLUSÃO

Ao fazer uma analise das situações que o jogo proporciona evidencia-se que o mesmo auxilia na construção do pensar do ser humano. Toda a vivencia do jogo, toda a analise que ocorre durante o jogo, toda a preparação para desenvolver um jogo, todo envolvimento das pessoas no desenvolvimento, preparação e entendimentos das táticas e estratégias fazem com que o cérebro humano seja ampliado em sua ramificação neuronal útil, estabelecendo mudanças significativas no pensar daquele que esta inserido no contexto do jogo.
Portanto, aqueles profissionais que trabalham com pessoas no desenvolvimento de jogos, caso de treinadores e professores em educação física, deverão estar atentos para que tipo de influência estão proporcionando ao cérebro e ao pensar daqueles que estão ao seu comando.


Bibliografia


COLETIVO DE AUTORES. Educação Física & esportes. Perspectivas para o Século XXI, Papirus; Campinas, 2003.

KUNZ, Elenor – Educação Física – Ensino e Mudanças – Unijui – Ijui, RS - 2001

MEDINA, J.P.S., A Educação Física Cuida do Corpo e ...Mente. Papirus, Campinas, SP – 1989

TANI, Go et al. Educação Física Escolar Fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. E.P.U. São Paulo, 2002.

TUBINO, M. G. e MOREIRA S. B. Metodologia Científica do Treinamento Desportivo

ZUN TZU,; A Arte da Guerra, Madras São Paulo – 2008




sábado, 2 de maio de 2009

Educação Fisica Escolar Autonoma

EDUCAÇÃO FÍSICA AUTONOMA

A educação física escolar é comumente confundida com educação esportiva escolar. Apesar de, com o passar dos tempos muitas novas propostas de tendências da Educação Física Escola (EFE) estarem sendo apresentada a comunidade escolar, os conteúdos sempre voltar às origens, ou seja, ao desenvolvimento do corpo, da saúde, da pratica esportiva, da formação de atletas, da capacitação de pessoas para o desempenho físico
Neste sentido a revista do (Confef, 2002, p. 5).
Entende-se a Educação Física escolar como uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, capacitando-o para usufruir os jogos, os esportes, as danças, as lutas e as ginásticas em beneficio do exercício critico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida.

Muitas vezes tenho me sentido um peixe fora da água quando em debates ou simples conversa com profissionais de Educação Física (EF) sobre as mudanças necessárias na EFE, a quase totalidade fala em mudanças, acredita em mudanças, pensa que está mudando e até tenta mudar as práticas de conteúdos, mas a essência é sempre o desenvolvimento da educação do físico pelo físico, e não do todo pelo físico.
A Proposta Curricular de santa Catarina para a EFE, assim como as diretrizes curriculares do estado do Paraná para a disciplina, estão escritas e enfatizadas que a educação física tem como função principal fazer com que os alunos que ingressarem no ensino infantil e fundamental, aprendam a reconhecerem-se como humanos. No entanto o que esta escrito nestas diretrizes consegue se concretizar em exemplos reais. Nesse sentindo, além de não perceber ninguém neste caminho, sinto certo desconforto em colegas ao abordar este tema, como se esta abordagem fosse própria de outro planeta que não a terra, pois como enfatiza a revista do Confef (2002, p.5).
[...] a disciplina Educação Física Escolar vem se baseando uma prática excludente, muitas vezes voltada para a formação de equipes esportivas representativas das escolas, vista pelos alunos como uma prática recreativa, como uma forma de “quebrar” o tempo do ensino intelectual.



Na verdade a EFE é falada e dita como disciplina fundamental na educação do ser humano, mas na prática o que se ensina cai sempre em direção ao aperfeiçoamento esportivo. Quando se fala em mudanças na EFE, muitos acreditam e fazem seu trabalho voltado não apenas para “jogar bola”, mas entendem que as mudanças pedidas são no sentido de; ensinar regras, ensinar o funcionamento do organismo, ensinar a importância do exercício físico para a saúde, ensinar para que serve o alongamento, ensinar os fundamentos do jogo para jogar bem, utilizar as ferramentas opcionadas como conteúdos estruturantes como um fim e não como um meio.
Segundo Tani et al, (1988, p.74)

[...] que a preocupação em refinar o padrão fundamental do movimento, antes que a performance seja relativamente madura, resultará no completo insucesso por parte da criança, com implicações negativas de ordem fisiológica, psicológica e social [...].

Nestas próprias diretrizes os elementos articuladores do ensino demonstrado aparecem como a saúde, o desenvolvimento do corpo, as praticas esportivas a tática e a técnica, a relação do corpo com o mundo do trabalho e muitas outras abordagens
Buscando entender que os conteúdos estruturantes da EFE disponibilizados pelas propostas estaduais são importantes, pois os jogos, o esporte, a dança, as lutas e a ginástica são fundamentais para o ser se compreender como humano, pois são meios de fazer com que as crianças e jovens se percebam como gente, como humano, e cresçam como gente vivenciando estes conteúdos estruturantes. Porém estes conteúdos deverão ser utilizados como ferramentas para se chegar a um fim que é o crescimento pessoal como humano, e não como um meio de atingir a plenitude física para o desempenho esportivo ou do trabalho.
A própria diretriz curricular do estado do Paraná percebe que tomou um caminho diferente na pratica daquele do discurso quando reporta na p.18 que “ o currículo básico se caracterizou por uma proposta avançada, em que o mero exercício físico deveria dar lugar a uma formação humana do aluno em amplas dimensões”. Na seqüência percebendo que o caminho tomado não foi o mesmo do discurso continua, “No entanto, apresentava uma listagem rígida de conteúdos que de algum modo enfraquecia os pressupostos teóricos metodológicos da pedagogia crítica”.
Assim sendo a própria diretriz concorda que a rigidez dos conteúdos e a falta de capacitação continuada para os profissionais da área na uniformização dos objetivos, enfraqueceram a linha política pedagógica a que se propunha mantendo os aspectos tradicionais do enfoque puramente mecânico e biológico. Portanto, percebe-se claramente que apesar dos esforços feitos para que mudanças na EFE ocorram, estas não chegam sequer perto daquilo que deveria ser, ou das propostas apresentadas. Qualquer tentativa de mudança esbarra na rigidez dos conteúdos voltados para o tecnicismo esportivo, para o enfoque biológico ou físico.
As muitas faculdades de EF, não conseguem tirar do inconsciente coletivo dos alunos que se formam esta linha da educação física, não conseguem fazer os seus alunos entenderem que a EFE não pode mais ficar pautada em desenvolvimento corporal esportivo sem o desenvolvimento intelectual, cultural social e humano, pois senão correm o risco de concordar com Medina quando diz que, “A Educação Física cuida do Corpo e ...Mente”.
Pode parecer absurdo que uma criança não se perceba como humana. Na realidade ela se percebe humana, mas no fundo do seu pensamento, ela não consegue saber o quanto é humano. O ser humano no seu processo de hominização se fez ao atuar sobre a natureza e modifica-la para dela sobreviver e tirar proveito próprio. O aluno dos dias atuais deverá compreender sua posição no mundo e na natureza de forma a modificar sua própria natureza e o local em que vive para melhorar sua própria qualidade de vida. Deverá ser capaz de se sentir gente a ponto de utilizar suas potencialidades humanas para interferir na sua existência e na existência do próprio ambiente ao qual está inserido, contribuindo para o ambiente do todo, do planeta como um todo, e neste sentido a EFE é ferramenta importante e fundamental na construção do mapa neuronal do ser humano, no sentido de o mesmo se reconhecer como gente, pois segundo Medina (1986, p. 46)

[...] Para que tal ocorra, é necessário construir no cérebro uma rede ampla de circuitos neuronais capacitados a comandar a execução dos movimentos. Esta rede de circuitos é como se fosse o mapa de uma grande cidade, quanto maior o conhecimento dos caminhos a percorrer, tanto maior velocidade para se chegar ao lugar de objetivo. Além de conhecer o caminho mais curto a seguir, é necessário também conhecer os atalhos e as alternativas de caminhos a percorrer, caso a primeira via planeja esteja bloqueada por algum motivo. O processo educativo só se completa quando provoca uma mudança com comportamento [...].

Assim sendo, a EFE, que tem a capacidade de desenvolver o ser humano, poderá se utilizar do “jogo” na forma descrita por BASTOS neste Blog, para contribuir neste sentido, e se tornando autônoma da pratica desportiva dela se desvinculando, porém ao mesmo tempo contribuindo para quando a pessoa iniciar na pratica desportiva, a mesma já tenha construído em seu engrama os caminhos necessários tanto ao sentimento de reconhecer-se como um humano melhor e também apto ao aperfeiçoamento esportivo especializado.

Bibliografia

E.F., Órgão Oficial do CONFEF. Revista nº 5, ano II, R. J. Dez. 2002

MEDINA, J.P.S., A Educação Física Cuida do Corpo e ...Mente. Papirus, Campinas, SP – 1989

PARANÁ, Diretrizes Curriculares de Educação Física Para a Educação Básica. HTTP://www.diadiaeducacao.pr.gov.br - 2006

TANI, GO ET all, Educação Física Escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. E.P.U. São Paulo, 2002

SANTA CATARINA, Proposta Curricular , IOESC Florianópolis 1998